Há umas semanas atrás estive no LNEC a ouvir um Luso-americano a falar sobre a “Fluidez e performance das equipas encarregues das operações de remoção de detritos provocados por acidentes de larga escala”, bem uma coisa simples e com algum interesse.
No entanto o que mais me despertou interesse foi o conceito de “performance” e o modo de como os Americanos ou interpretam.
Bem aqui em Portugal associamos a “performance” a eficácia, ou seja fazer aquilo que alguém planeou, atingir os objectivos, por exemplo se a uma Equipa de Combate lhe é atribuída uma determinada tarefa associada a um determinado período de tempo e caso a mesma seja cumprida durante esse período, a sua eficácia é total.
No entanto há quem associe “performance” a eficiência, ou seja debelar a situação com o mínimo de recursos, por exemplo uma Equipa de Combate extinguir determinada frente com o mínimo de agente extintor, sendo que a eficiência máxima é atingida quando se efectua a extinção com o mínimo de água possível. Bem depois existem alguns que “performance” é a conjugação da eficácia com a eficiência, ou seja uma determinada Equipa de Combate tem uma maior ou menor performance, quanto mais rápido atingir os objectivos recorrendo ao mínimo dos recursos, ou seja a Equipa de Combate tem uma maior performance quando rapidamente extingue uma determinada frente, usando para isso o mínimo de água possível.
Bem até aqui para nós Lusos, o conceito não tinha grande inovação ou controvérsia, mas eis que surge na equação, outra variável, a EQUIDADE. Ao aparecer esta “nova” variável foi um burburinho na sala, pois para nós equidade é um conceito estranho, tanto mais que vivemos num mundo de “chico espertos” e de “sábios, sabões, sabonetes” e outros que tais.
Bem a verdade é que o David Mendonça, o tal Luso-americano e reputado cientista teve mesmo necessidade de recorrer à escrita da referida fórmula, ou seja: Performance = (eficácia) x (eficiência) x (equidade).
Mas afinal o que entendem estes Anglo-saxões por “equidade”, bem para eles, a equidade quer dizer que todos têm as mesmas oportunidades, a mesma formação, o mesmo equipamento, os objectivos o mais semelhantes possível, cumprem todas as regras referentes a segurança, higiene, legislação, etc.
Ora é precisamente aqui na “equidade” que nós Bombeiros Voluntários jamais seremos os que detêm melhor performance, pois se no que diz respeito à eficácia e eficiência o efectivo controle está na nossas mãos e devemos sempre pautar por rapidamente atingir os objectivos traçados com o mínimo de recursos possível, já quando falamos e equidade a “coisa pia mais fino” pois por norma tal depende de terceiros.
Pois a formação não é igual para todos, o equipamento não é o melhor e só alguns tem acesso ao mesmo, existem sempre uns quantos que tem acesso a fontes de informação que outros nem sonham existir, e por norma somos “comandados” por “chico espertos” ou então por “seres alienados de qualquer ideia de que é ser bombeiro”, ou ainda por “velhos do restelo” que vivem de lembranças de um passado longínquo e em que o conceito de comandar se baseava na dois últimas silabas, ou seja “mandar”.
Assim e tendo por base esta “nova” abordagem eu afirmo, que dificilmente se poderá aferir a performance de varias equipas de Bombeiros Voluntários num determinado TO, podemos facilmente aferir da sua eficácia, da sua eficiência, mas no que diz respeito à equidade, só após um exaustivo inquérito é que poderíamos aferir as condições que foram fornecidas a cada equipa para desenvolver o seu trabalho.
Certamente que os resultados surpreenderiam muita gente, pois embora a equidade tenha o mesmo peso na equação que as outras duas variáveis, verificaríamos que a disparidade entre equipas levaria a que algumas face, aquilo que lhes é exigido, tendo em conta aquilo que executam e atendendo às condições que lhe fornecem tem uma performance acima da média, surpreendentemente elevada, mas que por culpa daqueles que foram responsáveis pela tal falta de condições, por vezes são “achincalhadas” em plena praça publica, sem que alguém venha a terreno defender esses Homens e Mulheres que fazem rápido e com pouco, sem as mínimas condições, aquilo que alguns jamais serão capazes de fazer, não por falta de condições, pois isso têm de sobra, assim como de recursos, pois por vezes até se dão ao luxo de esbanjar os mesmos, mas tão-somente por falta de vontade e responder por “interesses” diferentes daqueles que deviam pautar os Operacionais do Socorro em Portugal.
Como tal penso que é tempo de se apostar na equidade entre os diversos operacionais a operar no socorro em Portugal e de uma vez por todas afastar os “chico espertos”, os “alienados” e os “velhos do restelo”, deixem os novos ter uma acção de relevo, deixem entrar inovação, deixem que os Bombeiros Voluntários evoluam, deixem entrar ciência nos quarteis e nas operações, não tenham medo do futuro, “abram a cortina” e espreitem, pode ser que consigam ver que afinal o “futuro” não é negro, também não é cor-de-rosa, mas tal como estamos e vendo o caminho que levamos, o futuro nem sequer tem cor, digamos que quase que se dissipou…
Sejamos arrojados e vamos colocar em prática aquilo que outros já vão exercitando há mais tempo, vamos optar pela equação que define a melhor performance: Performance = (eficácia) x (eficiência) x (equidade).
Cumprimentos,
António José M.N. Calinas
Bombeiro Voluntário