
Todos nós, bombeiros enquadramos a missão de proteção de vidas humanas e bens em perigo ou sinistro, a prevenção e extinção de incêndios, o socorro de feridos, doentes ou náufragos.
Também temos consciência de que para se ser bombeiro é preciso ter um espírito altruísta, pois quem integra uma corporação de bombeiros voluntários não apenas apaga fogos ou manipula produtos tóxicos, mas também atende chamadas de emergências, presta socorro a pessoas vitimas de acidentes ou doenças, resgata animais, entre outras intervenções, em que o outro é sempre o centro da nossa missão. Estar mais preocupado com o próximo do que consigo mesmo, deve ser o principal traço no perfil do bombeiro.
Para abraçar esta vocação e assumir esta missão, é importante a formação que permite atuar de forma eficaz em determinadas situações, uma vez que não se sabe exatamente onde e quando temos de por em prática esse saber. Esta é uma necessidade reconhecida, em que a sua evidência se manifesta ao nível da formação geral, especifica, continua e mesmo superior.
O Portal “bombeiros.pt” também perante esta necessidade criou um espaço “Arquivo bombeiros.pt” no qual qualquer utilizador pode remeter qualquer documento, que queira partilhar com outros bombeiros.
No entanto, é importante que as associações e corpos de bombeiros saibam aproveitar estas oportunidades para projetar ainda mais a valia e a importância das mesmas.
Muitos são os bombeiros portadores de competências para orientar, apoiar, incentivar, promover, viabilizar, organizar, capacitar, as atividades das associações e corpos de bombeiros onde estes se inserem. Destes, muitos deles em regime de voluntariado têm formação em áreas, que vão desde a medicina, enfermagem, química, engenharia, proteção civil, entre outras, inserindo parte dos quadros dos corpos de bombeiros. Mas, outros mais poderiam integrar esses quadros, caso lhes fosse dado a oportunidade de contribuir com o seu conhecimento.
Continua-se a falar em apoios financeiros e acesso a recursos, mas esquecem-se e por vezes desvalorizam-se as iniciativas dos bombeiros voluntários que poderiam constituir uma mais-valia na procura de soluções, face aos problemas que vêm surgindo. Os exemplos vão mais além do socorro e transporte de doentes, destaca-se a publicação de jornais sobre noticias locais, à organização das suas instalações para festas e espetáculos, para ginásios e piscinas, à criação de espaços museus, na organização e apoio de eventos desportivos, na dinamização de auditórios para palestras e conferências, no desenvolvimento de formação externa acreditada, entre outras, numa tentativa de uma maior aproximação à comunidade. Contudo, são imensas as resistências que lhe são criadas.
Esta é a dinâmica e esforço dos homens e mulheres bombeiros na busca de mais e melhores ferramentas para o desenvolvimento e progresso da sua comunidade, a troco de nada.
Todos nós, bombeiros sabemos o valor do exercício destas atividades, e por isso assumimo-lo com grande respeito e consideração, pois sabemos as dificuldades que destas resultam, quer pelo perigo que algumas constituem, quer também do próprio cansaço que não se confirma apenas ao período de verão, mas durante todos os dias do ano, ao longo dos anos.
Todos nós, além de bombeiros, somos também seres sociais com as nossas respectivas realidades. No entanto, enquanto bombeiros a nossa disponibilidade é sempre uma constante. Temos de estar sempre focados nas necessidades dos outros e pensar sempre na possibilidade de correr, para socorrer alguém, num sentimento de amor ao próximo e estar preparado para ajudá-lo.
Numa sociedade cada vez mais consumista e competitiva, a maior parte de nós bombeiros vive nos limites, trabalha muito, esforça-se para ser detentor de grandes competências, por forma a responder aos desafios emergentes.
Contudo, quando falamos de nós, nem sempre podemos dizer que o resto da sociedade é solidária com os bombeiros. Alguns, têm passado por dificuldades de natureza financeira, laboral, outros familiar e até mesmo de natureza pessoal, mas deparam-se com uma sociedade que não lhes retribui com a mesma filosofia de vida que eles adoptaram, e muitas vezes após uma vida de entrega, vêm-se abandonados à solidão e com o sentimento de ingratidão.
Bombeiros, umas vezes elogiados, por vezes criticados, muitas vezes esquecidos.
Hoje ser-se bombeiro voluntário na nossa sociedade, parece uma utopia e contranatura pelas resistências que lhe são colocadas, e também pela desvalorização que é atribuído ao esforço empreendido.
Contudo, há que enquadrar esta missão e insistir em assegurar a dignidade de todos nós bombeiros, fazendo com o que se tem e aquilo que se pode.
7 de Abril de 2014
Luís Miguel Afonso Andrade