Milhares de sobreviventes do tufão Haiyan nas províncias de Leyte e Samas, nas Filipinas, invadiram os aeroportos locais e tentam, desesperadamente, sair da rota do segundo tufão, o Zoraida, que se aproxima a grande velocidade.
Mas a destruição nos aeroportos e o mau tempo, que persiste desde sexta-feira, quando o mega tufão Haiyan chegou ao país, não permite aos aviões aterrarem e partirem em quantidade suficiente para levar todos. Apenas algumas centenas conseguiram partir nas últimas horas.
Navios de guerra britânicos e americanos continuam a dirigir-se para as Filipinas (alguns já estão na região), respondendo a um apelo das Nações Unidas, e vão procurar resgatar sobreviventes do Haiyan, que terá feito pelo menos dez mil mortos.
A ONU diz que está a ser feito um grande esforço internacional para fazer chegar a ajuda aos sobreviventes, mas que vai ser muito difícil fazê-la chegar a quem mais precisa porque as vias de comunicação estão cortadas. Bernard Kerblat, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), disse à BBC que alguns aviões conseguiram aterrar em Cebu mas que, além da falta de infra-estruturas que permitem levar a ajuda aos sobreviventes, a continuação do mau tempo está a impedir a operação.
“A chuva está a complicar os esforços e a impedir os veículos de penetrarem no terreno; nem uma única ponte ficou inteira”, disse. “A segunda má notícia é que nas próximas 72 horas vamos assistir à chegada de um segundo tufão”, disse este representante do ACNUR na noite de segunda-feira.
Os sobreviventes fazem apelos desesperados. Na cidade de Tacloban, na ilha de Leyte, os corpos cobrem as ruas. Na ilha de Panay, 56 mil casas desapareceram e 83 mil estão inabitáveis — 650 mil pessoas estão à deriva no meio desta catástrofe natural.
A ajuda começou a chegar mas está muito aquém do que é necessário — falta água, falta comida, faltam medicamentos, faltam abrigos e faltam meios para retirar os corpos das ruas. Aqui já há casos de desinteria e as autoridades do país alertaram para os riscos de epidemias.
“Está tudo destruído”, disse ao The Telegraph o brigadeiro Paul Kennedy, da marinha dos Estados Unidos, que fez um voo de duas horas sobre Leyte. “Está tudo coberto de corpos.”
(Fonte: Público)