Horas depois de mais um dia de queda fortuita e tardia de neve, na Guarda e na Serra da Estrela, dou comigo a analisar os dados divulgados recentemente pela empresa pública Estradas de Portugal (EP).
Na conferência de imprensa realizada em Abril, na delegação regional, mesmo nas traseiras do Instituto Politécnico, o presidente do conselho de administração, António Ramalho, apresentou um quadro comparativo dos últimos dois anos, para dizer que nevou mais em 2011 do que em 2012 e que no ano passado o Centro de limpeza só precisou de encerrar as estradas de acesso à Torre durante sete dias e meio. Menos uma semana do que em 2011.
Razões de ordem meteorológica podem com certeza explicar a “crise” do chamado ouro branco do interior, mas a necessidade de, ainda assim, encerrar as estradas reaviva a velha discussão sobre a falta de meios em zonas de montanha onde se aguarda o ano inteiro pela queda de neve e, consequentemente, de turistas nos hotéis.
Segundo, António Ramalho há vinte e cinco limpa-neves em todo o país afetos às regiões onde eles são efetivamente precisos, mas, pasme-se, coordenados por diferentes instituições. Quer dizer sem coordenação alguma. Daí que o presidente da Estradas de Portugal tenha referido o interesse em definir uma cadeia única de comando para tornar mais eficazes, os meios disponíveis. Pareceu-me bem, mas não se ouviu uma palavra sobre quando e como pretende conseguir tal proeza. Silêncio que se estende ao propalado centro de limpeza de neve da Guarda que também haveria de ter meios mecânicos para evitar o fecho de estradas e de escolas. O último Governador civil, Santinho Pacheco, bem quis levar a ideia para a frente, mas esbarrou depois numa candidatura a fundos estruturais que, como todas, pedia uma verba de comparticipação própria que nunca esteve disponível. E, como a Tróica não mandava no país, não colhe a desculpa de que a dívida externa comia o investimento público e os sonhos de quem vive arredado dos grandes centros urbanos. Guterres não podia ser mais assertivo quando explicava o inexplicável com a célebre frase: “É a Vida”!
Madalena Ferreira