
Retomo o tema que aqui vos trouxe há algum tempo atrás pela efeméride que, em Abril em curso, lhe corresponde. Trata-se da viatura médica sediada no Hospital de Cascais que, passado um quarto de século, comemorado precisamente agora, atesta e comprova todos os desafios com que foi lançada em termos pioneiros e que, no fundo, esteve na origem de todas as viaturas médicas, mais de 40, que agora se espalham pelo país.
A de Cascais teve também a particularidade de no seu arranque ter um grupo de tripulantes constituído integralmente por bombeiros. À época também alguns dos médicos envolvidos faziam parte dos quadros de associações de bombeiros locais.
Já passaram 25 anos sobre o arranque em Cascais da viatura médica de emergência (VMER) então designada por VMIR.
Foi um sonho de um grupo muito alargado, do qual também tive a satisfação de fazer parte, concretizado em poucos meses, com muito denodo, particularmente para vencer o imobilismo de uns e também a feira das vaidades de outros.
Esta viatura médica descentralizada de Lisboa e da sede do INEM foi a primeira do País.
Até ao aparecimento da viatura médica de Cascais, fruto da parceria entre o INEM, o Hospital de Cascais e a Câmara Municipal, com o apoio logístico dos Bombeiros de Cascais, apenas existia uma do género, em Lisboa e sediada no próprio INEM. Havia sido tentada uma experiência, mas gorada, no INEM/Porto.
A VMER de Cascais, até ao presente, continua a ser uma experiência inicial única já que, fruto da parceria inicial o INEM participava com os consumíveis e equipamentos, o Hospital suportava os custos com os médicos e a Autarquia os custos com os tripulantes, o combustível e a manutenção da viatura. Hoje, as regras de funcionamento são precisamente as mesmas das restantes VMER, fruto de contratualização directa entre os hospitais e o INEM.
À data do arranque da viatura, Arlindo de Carvalho era o ministro da Saúde, Georges Dargent o presidente da Câmara Municipal de Cascais e os responsáveis clínicos pela experiência bem sucedida eram Manuel Costa Matos e Carlos Quaresma. O médico e bombeiro Mário Freitas fez parte da equipa inicial e, ao que sei, continua a integrá-la.
Perante as dificuldades do INEM em satisfazer a necessidade de uma viatura em condições houve que apelar à Fiat Portuguesa, com sucesso, para a oferta de um “Lancia Delta HF”, que substituiu o velho e cansado “VW Golf” com que o serviço arrancou.
Foi, sem dúvida, uma aventura conjunta muito gratificante. Trouxe o banco de urgência à rua e permitiu também, sem dúvida, operar milagres.
Todos aqueles que trabalharam e ainda trabalham na VMER de Cascais são credores do nosso reconhecimento e agradecimento. Obrigado amigos, por tudo o que fizeram e continuam a fazer por nós.
Rui Rama da Silva

