Depois de mais uma época de incêndios dura e com muito trabalho para todos os intervenientes no Dipositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), que infelizmente voltou a ficar marcada pela perda de muitos combatentes, o pensamento geral da população e da comunicação social esqueceu que na floresta portuguesa há quem continue a trabalhar.
São homens e mulheres que passam o ano inteiro dedicados à floresta e aos trabalhos na floresta. Desde a silvicultura preventiva, a abertura e manutenção de vias de circulação florestal, passando, no período critico, pela vigilância, por ações de combate e apoio ao combate, e pelo rescaldo e consolidação pós-incêndio, são múltiplas e exigentes as incumbências destes homens e mulheres que fazem parte dos milhares de Sapadores Florestais que existem em todo o país.
Sendo trabalhadores florestais, o período de Outono e Inverno faz com que “desapareçam” dos olhos atentos de quem procura a notícia fácil ou de quem faz turismo. Porém, nesta fase de mau tempo e de frio, o seu trabalho continua e serve de base a uma melhor preparação nacional para o combate aos incêndios que, inevitavelmente, virão a partir da Primavera de 2021.
Constituídas por “operacionais [que] são de todos os Agentes de Proteção Civil os únicos a auferirem o salário mínimo nacional, que executam diariamente tarefas de elevado risco, em condições precárias derivado aos terrenos de difícil acesso, às condições meteorológicas adversas seja de inverno ou de verão“, conforme escreve Alexandre Carvalho (Coordenador Nacional do Setor Florestal do Sindicato Nacional da Proteção Civil) no jornal Notícias de Aveiro, estas centenas de equipas marginalizadas pela falta de uma carreira comum que os dignifique e lhes conceda direitos que os protejam de oportunismos e de abusos.
E se uma carreira comum é importante para a dignificação destes homens e mulheres, também o poderá ser para a prossecução de métodos de trabalho e de estratégias nacionais que sigam o exemplo daquela que foi recentemente implementada nas equipas de sapadores florestais das Terras do Infante (Algarve) e que passa pelo reconhecimento destas equipas como elementos essenciais para o projecto de Protecção Civil algarvio: estas equipas, através dos trabalhos que efectuarão até junho de 2021, farão a marcação georreferenciada de áreas de intervenção, quer sejam faixas ou mosaicos de gestão de combustível vegetal, que posteriormente será compilada e transmitida à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Nesta Fotorreportagem, conseguida pela generosa colaboração da Brigada de Sapadores Florestais 1-165 da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, podemos vislumbrar algum do trabalho que estas equipas efectuaram desde que terminou a fase crítica de combate a incêndios e damos, desta forma, o devido reconhecimento a estes verdadeiros defensores da floresta portuguesa.