O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), Macário Correia, criticou hoje os responsáveis da Proteção Civil por não terem dito o que correu mal no combate ao incêndio do mês passado na região, no relatório entregue ao Governo.
“Não temos de pedir o julgamento na praça pública de ninguém, trata-se apenas de um ato de civismo responsável, de colaboração que é devida perante as circunstâncias, e dar sugestões para que as coisas corram melhor no futuro e saber apontar o que correu menos bem no caso concreto”, afirmou Macário Correia em declarações à Lusa.
“Se não há coragem de assumir o que correu menos bem, estão a esconder algo que não deve ser escondido”, disse numa referência aos responsáveis da Proteção Civil que produziram o relatório.
“Está bem o ministro [da Administração Interna, Miguel Macedo] quando encaminha para um especialista a análise de um conjunto de circunstâncias que o relatório descreve, mas é pena que os responsáveis pela gestão dos meios e dos equipamentos não tenham sido capazes de fazer essa própria avaliação”, lamentou Macário Correia.
O presidente da AMAL considerou ainda “estranho” que, “com tanta ação de formação e instrução que é dada a tanta gente na hierarquia da Proteção Civil, aqueles que têm a maior responsabilidade e conhecimentos para gerir as coias não tenham tido a coragem de explicar a toda a gente o que não correu bem e o que podia ter corrido melhor”.
Segundo Macário Correia, “não existe um relatório de avaliação dos atos de coordenação desenrolados, mas uma mera descrição factual. A Liga dos Bombeiros Portugueses, e bem, veio ontem [segunda-feira] a público produzir um relatório que reputo de um contributo muito importante para o esclarecimento deste problema”, acrescentou.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) concordou na segunda-feira com a avaliação externa ao incêndio, em julho, no Algarve, decidida pelo ministro da tutela, alegando falta de rigor da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), que “todos os dias” tem “falhas preocupantes”.
A Liga considerou que a ANPC “apresenta um relatório que mais não é do que um conjunto de folhas datilografadas, sem conclusões, recomendações, sem uma avaliação pormenorizada a um incêndio que mereceria um maior rigor e um maior cuidado”.
Macário Correia disse ter visto e tido informação de “uma clara descoordenação de meios no terreno”, porque “alguém no posto de comando não estava a controlar a situação e a enviar os meios certos para o sítio certo”, e que percorreu “quilómetros sem ver carro de bombeiros”.
O fogo lavrou durante quatro dias e consumiu mais de 20 mil hectares da serra algarvia, nos concelhos de São Brás de Alportel e Tavira.
FONTE: Ionline