A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) enviou ontem ao fim da tarde para Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, a auditoria “TAS, Tripulante Ambulância Socorro – Estudo da situação nacional em 2011”. A existência deste estudo – que estava na gaveta desde Abril – fora revelada no fim-de-semana, numa investigação levada a cabo pelo i.
Ontem, numa primeira reacção, aquela entidade disse não ter enviado a auditoria para a tutela por não estar concluída, mas o i sabe que o documento já fora enviado para o gabinete do ministro.
estudo terminado em minutos Ao início da tarde de ontem, a ANPC reiterava que o estudo ainda não estava acabado e que por isso não poderia ser enviado a Miguel Macedo nem ser divulgado: “O estudo em causa faz parte de um trabalho global sobre esta matéria que, quando terminado, apontará caminhos e soluções. Não tendo qualquer classificação de reservado, e sendo mais um entre vários estudos conduzidos pela ANPC, entendemos que a sua divulgação só fará sentido após estar concluído”, lê-se num email enviado ao i.
Numa comunicação anterior, a ANPC já havia dito que “a manchete do jornal i [de sábado] era certamente apelativa e susceptível de vender bem, mas que em nada ajudava a esclarecer a verdade”.
Porém, ontem, pouco depois destas afirmações, a entidade voltou atrás, por telefone: “Afinal, o estudo sobre a formação dos bombeiros seguiu ao final desta tarde para o Ministério da Administração Interna.”
Pouca formação de Norte a Sul Segundo o estudo a que o i teve acesso, os bombeiros voluntários não estão a cumprir a lei: as ambulâncias de socorro são tripuladas por elementos sem preparação adequada e as entidades competentes – INEM e Escola Nacional de Bombeiros – não conseguem assegurar os cursos de tripulante de ambulância de socorro (TAS) – exigidos por lei.
E são todas essas conclusões que nunca tinham sido enviadas para a pasta da Administração Interna. Aliás, o i teve acesso a um parecer elaborado pelo inspector Nuno Moreira, dirigido ao presidente da ANPC, em que se refere que, dada a existência de vários problemas – e a ausência de soluções –, o estudo não devia ser enviado ao ministro Miguel Macedo. “Quanto ao envio a Sua Excelência, o MAI [ministro da Administração Interna], parece-me que pelas mesmas razões pode ser precipitado enviar o estudo para conhecimento, sem que se apresentem simultaneamente soluções.”
Esta análise mostra que na maioria dos distritos portugueses existe carência de tripulantes de ambulâncias de socorro, algo que se manifesta nos números nacionais: Portugal tem apenas, segundo o estudo, 60% do número mínimo de socorristas de que precisava.
A equipa de auditores explica no estudo que “a gravidade da situação, ao verificar-se o incumprimento da lei, a redução da exigência de qualidade e a capacidade necessária de uma tripulação para a emergência médica, justifica que se avalie a situação a nível nacional de uma forma isenta, transparente e credível, com base em dados obtidos junto de quase todos os corpos de bombeiros do Continente”.
Em Abril, contrariamente ao que fora aconselhado no parecer do inspector Nuno Moreira, a equipa de auditores responsável pelo estudo sugeriu que se devia partilhar estes dados com as corporações de bombeiros, publicitar os ficheiros na página da internet da ANPC e enviar “os dois documentos impressos ao ministro da Administração Interna” – algo que só ontem veio a acontecer.
FONTE: Ionline.pt