O Despacho n.9920/2015 publicado em Diário da Republica no dia 1 de Setembro apanhou os comandantes mais velhos do país de surpresa.
A inclusão de dois módulos de formação obrigatórios para a renovação da comissão de serviço dos elementos de comando e as provas de avaliação de competências para elementos com um curso anterior a 2009, foram algumas das alterações que entraram em vigor no início deste mês.
Estas duas alterações, a que o «Boca» d’ Incêndio teve acesso, está a gerar no seio dos corpos de bombeiros uma grande contestação, dado que, alguns comandantes já referiram que se recusam a fazer a formação no final da sua comissão e muito menos fazer formação por o seu curso ser anterior a 2009.
António Fernandes, comandante dos bombeiros de São Pedro da Lomba, começou por referir ao «Boca» d’ Incêndio que “sou bombeiro há 40 anos e exerço o cargo de comandante há 15, com 55 anos de idade é que querem que eu vá tirar cursos na ENB? Quem é que vai ensinar quem?”. Fernandes, apesar de assumir o seu ar autoritário, referiu que, “a ENB já não sabe o que fazer com a formação” no entanto, este velho comandante acusou a Direção Nacional dos Bombeiros de também ter “culpas no cartório”.
O «Boca» d’ Incêndio contatou a Direção Nacional dos bombeiros mas sem sucesso, no email devolvido constava: “Estamos de férias, qualquer questão urgente entre em contacto direto com o Doutor Engenheiro Pedro Lopes. Email: pedro.lopes@ao_meu_email_pessoal_respondo_sempre.pt”.
Já a ENB confessou que “esta lei é coxa mas temos que lhe meter uma moleta” referindo que “nos cursos de quadros de comando dados pela ENB todos passam”. O «Boca» d’ Incêndio desconhecendo tal informação, questionou o presidente da escola sobre o motivo que leva a que todos os comandantes sejam aprovados nos cursos. Joaquim Anastácio refere que, “a ENB não quer inimizades com ninguém, se as direções dos corpos de bombeiros querem aqueles elementos no comando, quem é a escola para dizer que não?” Joaquim Anastácio conclui que, “os comandantes podes ficar sossegados, venham de férias cá para baixo umas semanas sem qualquer problema”.
Bruno Pimenta, bombeiro em Santa Cruz de Deus e membro da organização anti-comandantes sem curso, referiu ao «Boca» d’ Incêndio que compreende a posição dos senhores comandantes, dado que “…muitos, se a escola for rigorosa, como é por exemplo com o curso TAS, a grande maioria dos comandantes ficavam pelo caminho” e desta forma, rematou “acabava-se o tacho e o protagonismo lá na terra”. Esta organização sem fins lucrativos e que luta há anos por comandantes com formação refere que, se a ENB não cumprir com a lei, entrará com um processo judicial no tribunal da comarca de Sintra, para que possa ser reposta a lei.
O «Boca» d’ Incêndio acompanhará de perto todos os desenvolvimentos deste assunto, que, ao que tudo indica, fará jorrar muita tinta nos tribunais portugueses.