Meus caros Camaradas, ontem dia 8 de outubro a ANPC levou a cabo um seminário em que o “mote” era a Cidadania e Governação vista pelo “oculo” da Protecção Civil.
De entre os vários temas abordados pelos palestrantes, refiro alguns que deveriam merecer uma maior atenção de todos nós, tais como “(Com)viver com os riscos naturais e tecnológicos”, “Educação para o risco: A segurança aprende-se?” ou até mesmo “Cidadania e governação do risco”.
Por imperativos profissionais só me foi possível acompanhar pela internet e por curtos períodos as palestras, tendo assistido unicamente à última intervenção da tarde proferida pelo Dr. Duarte Caldeira.
Mas atendendo ao tema ou melhor às palavras que constituíram o tema do seminário, Cidadania e Governação e tentando puxar as mesmas para os Bombeiros, e também tendo como pano de fundo o fim do período “critico” do DECIF, dizer a todos aqueles que leem estas palavras, que mais uma vez os Bombeiros Voluntários Portugueses demonstraram através da sua acção e disponibilidade, uma cidadania que decerto orgulharia qualquer cidadão, seja ele um mero popular ou um digníssimo membro da classe politica.
No entanto esta acção ou melhor este comportamento cívico e de cidadania, nem sempre tem por parte de outros o devido reconhecimento, havendo mesmo quem use estes Cidadãos e o seu desempenho para de um modo cínico e pouco cívico tirar dividendos quer políticos, quer sociais.
Os mesmos do costume vem através da sua “governação”, tentar criar uma coluna de fumo para assim poderem permanecer no topo, custando isso o que custar, usam e abusam da palavra «BOMBEIROS», ora atacam uns, ora defendem outros, mas sempre fitando a defesa de uns poucos que só assim no caos conseguem ter algum “sucesso”.
É tempo de uma vez por todas deixarem de usurpar a palavra «BOMBEIROS» como se fossem titulares de algum exclusivo nesse uso, tanto mais que estatutariamente não representam Bombeiros, nem estes tem alguma palavra sobre as acções que se vão realizando.
Assim devem direcionar a sua acção para a defesa daqueles que representam, as Associações Humanitárias de Bombeiros, devendo arrumar em primeiro lugar a sua casa e definir estratégias que levem à defesa dos interesses dos seus representados, deixando que os Bombeiros Voluntários enquanto Cidadãos de pleno direito tenham os seus representantes, que certamente irão defender os interesses destes de um modo eficaz.
Deixemos os assuntos Administrativos / Associativos para serem discutidos e defendidos por quem de direito, devendo o fazer de um modo profissional e isento, tendo sempre como objectivo primeiro a defesa dos seus representados, mas também devem ter a clareza de espirito de perceberem que cada vez mais que hoje em dia os Bombeiros Voluntários Portugueses sabem o que querem e cada vez mais tem capacidade intelectual e organizativa par o fazer.
Não há que ter medo, os Bombeiros Voluntários cada vez mais (fruto da experiencia) sabem como podem exercer a sua influência junto da “governação”, e cada vez mais o fazem de um modo cordato e competente.
Ora parece ser esta acção de Cidadania que mete algum medo aos “governantes” que há décadas exercem a sua acção através do uso e abuso dos Bombeiros, e que cada vez mais veem o seu espaço de manobra reduzido.
Estes “velhos do restelo” lá vão tentando adiar o inadiável, a razão está do nosso lado e mais tarde ou mais cedo, a verdadeira Governação, vai verificar que somos enquanto Cidadãos capazes de defender os nossos direitos e apontar soluções para os diversos problemas que de um modo efectivo influenciam a nossa vida enquanto verdadeiros Bombeiros e Cidadãos.
Esperamos da parte dos Governantes acções efectivas que reconheçam a vital importância da acção dos Bombeiros Voluntários Portugueses e a sua entrega na defesa das Populações que juraram defender e socorrer. No entanto essas acções de reconhecimento devem ser reais e em tempo útil, e não quando um qualquer Bombeiro padece em combate, pois ai para lá da memória e saudade que a sua família sentirá, pouco mais há a fazer.
Como tal tanto a governação daquelas (associações) que detêm os Corpos de Bombeiros Voluntários, assim como a governação do país (MAI), deve ser exercida com igual ou mesmo superior acção de cidadania, tal qual a demonstrada ano após ano, pelos Bombeiros Voluntários Portugueses.
Deixemos de lado a prepotência, a ignorância, a inabilidade que tantas vezes nos é dado a verificar, pois mais tarde ou mais cedo a Cidadania vai-se sobrepor a essas acções , e aí por muito que tentem, jamais conseguiram “calar” a voz dos Bombeiros na discussão do modelo organizacional da governação deste sector/área.
Um bem-haja a todos, com os meus melhores cumprimentos,
António José M.N. Calinas
Bombeiro Voluntario