A associação humanitária dos bombeiros voluntários das Caldas da Rainha, que tem cerca de vinte mil sócios, celebrou no passado domingo o seu 121º aniversário com um conjunto de eventos marcantes, como a colocação do capacete no mausoléu no cemitério de Santo Onofre, a bênção do veículo de operação específicas que foi oferecido, a inauguração das obras de requalificação do pavilhão da parada traseira e a sessão solene, que incluiu a tomada de posse dos órgãos sociais eleitos e atribuição de medalhas e condecorações. O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, esteve presente neste dia festivo.
O primeiro momento emotivo aconteceu no cemitério de Santo Onofre, onde no mausoléu dos bombeiros foi colocado o capacete em barro com os respetivos machados feito pelo escultor Carlos Oliveira. Seguiu-se, no quartel, a bênção do veículo de operação específicas, no valor de quinze mil euros, que foi oferecido pela empresa Auto Júlio, e que servirá para transporte para formações dos bombeiros, reuniões de trabalho e outras tarefas. Após a bênção pelo padre Joaquim Gonçalves foram inauguradas as obras de requalificação do pavilhão da parada traseira, que incluíram a cobertura e electrificação e que custaram cerca de 40 mil euros, valor que só não foi maior devido ao trabalho dos bombeiros, que instalaram a parte eléctrica e encarregaram-se de pintar o quartel. A cobertura será um auxiliar precioso para a conservação do parque automóvel.
À parada, inaugurada pelo presidente da Câmara, Tinta Ferreira, foi atribuído os nomes do presidente da associação humanitária, Abílio Camacho, e do comandante dos bombeiros, Nelson Cruz.
Na sessão solene, o responsável pela corporação descreveu que foi “um ano extremamente exigente” para os bombeiros das Caldas da Rainha, que estiveram envolvidos em grandes teatros de operações fora do distrito. Para além disso, no concelho houve 67 incêndios rurais, com uma área ardida menor do que em relação ao ano transato (29 hectares). A particularidade foi que “não se ouviu o som da sirene”, substituída por SMS para telemóvel.
“Não queremos deixar a nossa sirene, pois para além de ser o meio mais mobilizador para os bombeiros, é um símbolo. Mas queremos fazê-lo em último recurso, pois estamos no centro da cidade e queremos o melhor descanso para os caldenses”, comentou Nelson Cruz, que revelou terem existido ao longo do último ano mais de 9100 ocorrências e o transporte de mais de doze mil utentes aos hospitais.
Pelo trabalho desenvolvido, o comandante atribuiu um louvor público ao seu corpo de bombeiros. Foram ainda lembrados os nomes de bombeiros ou dirigentes que perderam a vida no último ano, sendo prestado um minuto de silêncio, por proposta de Tinta Ferreira: Esmeraldo Marques, João Paulo, José Domingos, António Xavier, José Florindo e Henrique Sales.
“Esta instituição está a cumprir bem aquilo que são as suas funções”, manifestou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, saudando também “a disponibilidade” dos elementos dos órgãos sociais, que são “bombeiros sem farda”.
“Estou muito feliz em participar nesta cerimónia. Queria vir aqui mesmo com afazeres do dia muito complexos”, referiu.
O presidente da federação dos bombeiros do distrito de Leiria, Rui Vargas, realçou “a quantidade de anos que a associação humanitária está ao dispor desta cidade”, enquanto que o comandante operacional distrital, Sérgio Gomes, agradeceu à corporação caldense “pelos muitos serviços que prestaram não só nas Caldas da Rainha como pelo país fora”, pedindo ao público “uma salva de palmas” pelo “empenho dos bombeiros”. “Sei que posso contar com esta corporação”, finalizou.
O presidente da assembleia geral da associação humanitária, Carlos Figueiredo, teceu elogios a cada um dos elementos dos órgãos sociais, vincando que a direção liderada por Abílio Camacho tem “sempre o cuidado na boa execução do orçamento, sem desperdícios”.
O presidente da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha, Lalanda Ribeiro, lembrou que foi “um ano difícil para os bombeiros das Caldas, com a morte de vários elementos preponderantes nesta associação”.
O presidente da associação humanitária, Abílio Camacho, aproveitou para fazer pedidos à Câmara, nomeadamente para assegurar 25% da obra de requalificação da parada e disponibilizar alcatrão para o tapete da parada, lançando ainda um repto: “Que crie o Dia Municipal do Bombeiro”.
O presidente da Câmara Municipal louvou a ação dos bombeiros, agradecendo-lhes “o seu trabalho e dedicação”. Recordou que a rápida intervenção dos soldados da paz “transformou grandes incêndios em incêndios dominados”, como foi o caso do incêndio na zona do Mercado de Santana, o de maior dimensão registado nas Caldas.
Para o autarca, “o direito penal tem de ser mais exigente com quem é incendiário, que tem de ser responsabilizado”. Por outro lado, “o Estado tem de avaliar quem tem terrenos e não tem condições para os limpar, e fazer uma intervenção pública”. “Seguramente teremos menos incêndios no país”, manifestou.
Sobre os reptos de Abílio Camacho, o presidente da Câmara respondeu que vai procurar dar resposta às necessidades dos bombeiros.
Condecorações
Medalha de assiduidade grau cobre – 5 anos – ao bombeiro de 3ª André Sousa
Medalha de assiduidade grau prata – 10 anos – aos bombeiros de 2ª Ernesto Martins, Hugo Almeida, Ricardo Neves, Ricardo Marques e Sónia Henriques, e aos bombeiros de 3ª Marcelo Santos e Ruben Castanheira.
Medalha de assiduidade grau ouro – 25 anos – ao subchefe João Paulo, aos bombeiros de 1ª Pedro Marques e Emanuel Simões, bombeiros de 2ª Luís Pacheco e Carlos Tomé e bombeiro de 3ª António Serrenho.
Medalha do quadro de honra – Chefe do quadro de honra Octávio Santos e bombeiro de 2ª do quadro de honra Luís Simões.
Galardões de prestígio entregues ao secretário da direção, Luís Botelho, ao presidente da assembleia geral, Carlos Figueiredo, ao presidente do conselho de administração do Grupo Auto Júlio, António Júlio, e ao presidente da Câmara, Tinta Ferreira.
Francisco Gomes
Fonte: Jornal das Caldas