Ao fim de três dias de isolamento, devido à subida dos caudais dos rios, o barco dos bombeiros é a única garantia de que nada faltará aos cerca de trinta moradores do Reguengo do Alviela, no concelho de Santarém.
Na aldeia, na mesma proporção que sobem as águas que inundaram a estrada e algumas casas, aumentam as preocupações daqueles a quem a idade vai tornando mais difícil lidar com as cheias.
“Do lado de trás [da casa] já andei a pôr galinhas numa coelheira” afirma Júlia Gaspar, lamentando não se “poder mexer como dantes” e antevendo que “se alguma coisa acontecer” terá que recorrer à “ajuda dos bombeiros”.
Do mesmo se queixa Isilda Vassalo, moradora na aldeia há 52 anos e por várias vezes vítima das cheias que lhe estragaram “desde colchões a camas” a muitos outros haveres.
Habituada a olhar para o nível das águas e prever “o que lá vem”, Isilda acredita que “as águas já começaram a baixar e isto não se vai prolongar por muitos dias”.
A morar no Reguengo do Alviela há nove meses, Ciomara Graça e a família são os únicos estreantes a acusar a estranheza de quem deixou a cidade para assistir a “este fenómeno da natureza”.
Desde sábado “sem sair de casa” Ciomara espera que as águas desçam até terça-feira, data em que as filhas terão que regressar às aulas.
Mas até lá, assegura: “não nos tem faltado nada, temos tudo, o padeiro vem cá e os bombeiros também”.
Dos Bombeiros Voluntários de Pernes depende, até que a estrada volte a estar transitável, não apenas a chegada dos bens essenciais como a deslocação de todas as pessoas que precisem de sair da aldeia.
“Estamos com duas embarcações, transportamos todos os bens essenciais e tudo aquilo de que houver necessidade para que os efeitos das cheias sejam minimizados”, disse à agência Lusa o comandante da corporação, José Viegas.
Até hoje não houve a registar nenhuma situação de emergência mas, de acordo com o comandante, uma equipa de bombeiros passa as noites na localidade, e estão “preparados para dar apoio 24 horas por dia”.
A povoação do Reguengo do Alviela é a única do concelho de Santarém isolada pela subida dos caudais dos rios, devido à chuva e às descargas de barragens portuguesas e espanholas.
A proteção Civil de Santarém mantém o alerta “laranja” para o distrito onde está ativado o plano de cheias e o nível das águas está a ser regularmente verificado.
Fonte: DNoticias por Lusa, Sofia Fonseca