O presidente da Escola Nacional de Bombeiros, José Ferreira, ainda não leu o relatório sobre os acidentes com vítimas mortais nos incêndios deste verão, mas aponta desde já versões contraditórias, incluindo do próprio autor do relatório agora conhecido.
Em declarações à Antena1, José Ferreira critica as contradições do professor da Universidade de Coimbra Xavier Viegas, para além de recordar que para 2014 estão previstas alterações, desde logo em relação à formação de chefias coordenado pelo laboratório de Xavier Viegas.
José ferreira aguarda pelas conclusões de outros relatórios pedidos também pelo Ministério da Administração Interna, que deverá divulgar esta segunda-feira o inquérito encomendado ao professor Xavier Viegas.
Já o antigo diretor de formação da Escola Nacional de Bombeiros Joaquim Rebelo Marinho estranha que o relatório sobre os acidentes com vítimas mortais nos incêndios do verão aponte lacunas no treino dos bombeiros quando o autor do documento é Xavier Viegas, que dá aulas nessa área.
“Sendo o senhor professor Xavier Viegas quem ministra formação na área do comportamento do fogo e vende essa formação à Escola Nacional de Bombeiros – tem um protocolo em que é recompensado financeiramente por essas aulas que dá – acho estranho que, sendo ele que ministra essa formação e deixou de ministrar, venha agora apontar falhas nessa área”, afirma Rebelo Marinho à Antena1.
Rebelo Marinho considera que “é perfeitamente legítimo que achemos isso no mínimo estranho”. “Se todos começassem a passar pelo laboratório do professor Xavier Viegas, o que o relatório dirá é que deixa de haver lacunas na formação”, argumenta.
Tal como a Antena1 noticiou no início deste mês, o inquérito assinado pelo professor da Universidade de Coimbra Xavier Viegas aponta várias lacunas na formação dos bombeiros, que se traduzem na falta de conhecimentos básicos sobre o comportamento do fogo.
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, anunciou no domingo que deverá divulgar ao longo desta segunda-feira o relatório. A Antena 1 sabe que só vai ser tornada pública a parte que diz respeito à análise global de resposta do dispositivo aos incêndios. A parte específica dos incêndios com vítimas mortais, caso a caso, não vai ser divulgada.
(Fonte: RTP)