Dia 31 de Outubro ainda estavam quatro famílias isoladas desde terça-feira na Fajã da Caldeira do Santo Cristo, na ilha de São Jorge, nos Açores. Outras três agregados familiares na Fajã dos Cubres conseguiram ver a estrada desimpedida ao final desta manhã.
O mau tempo que assolou o arquipélago nos últimos dias, com rajadas de vento até 113 km/hora, causou estragos elevados em estradas, bloqueando o acesso de viaturas àquelas zonas isoladas da ilha. Noutra zona do concelho da Calheta, na Ribeira Seca, viveu-se o pânico na noite de domingo para segunda-feira e os estragos em pouco mais de dois quilómetros de estrada ultrapassam um milhão de euros, uma estimativa de prejuízos feita à TVI24 pelo presidente da Câmara da Vila da Calheta, Aires Reis.
«Fala-se em um milhão de prejuízo, mas não é um número que eu tenha muita confiança. Há correções e pontes de acessos a moradias que terão de ser destruídos e feitos de outra forma. Vamos apontar para mais de um milhão e tal de prejuízo só no que respeita à parte pública», adiantou.
Na Ribeira Seca, onde a água subiu até cerca de um metro e meio, 25 a 30 casas ficaram inundadas e com o seu recheio destruído. «Há sete moradias mais complicadas, onde foi mais assustador e de risco para a vida das pessoas», explica Aires Reis. A força das águas escavou cerca de dois quilómetros de estrada e deixou os moradores sem água canalizada e, em alguns casos, sem roupa para vestir.
Duas famílias tiveram de ser realojadas na Ribeira Seca, outras ficaram em casa de familiares. Foram 40 minutos de pânico, conforme descrição do autarca: «Houve um casal de idosos resgatados com a água pelo peito. Salvaram-se porque tinham uma escada de madeira, daquelas usadas para pintar as casas, e subiram para sótão. Houve também um caso com um paraplégico. Vários eram idosos. Houve pessoas a sair de casa pela janela».
O mau tempo e as fortes intempéries que levam a dias de reclusão não são uma novidade para Gilda Nunes, 62 anos, que está habituada ao isolamento na Caldeira do Santo Cristo. Em declarações telefónicas à TVI24, garantiu que estão todos bem. «Por aqui estamos todos com saúde. Portanto, estamos todos bem. Estamos isolados. Os caminhos estão maus, houve várias derrocadas na Fajã dos Cubres. Comida temos, portanto, não temos problema. Não estamos preocupados».
Sem poder fazer nada, a moradora espera que o problema das acessibilidades seja resolvido. «Estamos aqui à espera que nos limpem o caminho». Até isso acontecer, resta-lhe um trilho pedonal ou, em caso de emergência, apelar aos serviços públicos, que dispõem de meios aéreos para prestar socorro.
Fonte: TVI24