O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, lamentou, esta quinta-feira, a morte de uma bombeira em Tondela e garantiu a existência de meios suficientes de combate aos incêndios, lembrando as temperaturas elevadas nos últimos dias e a dificuldade dos acessos.
Miguel Macedo esteve no Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Carnaxide, onde assistiu a um ‘briefing’ para se inteirar da atual situação dos incêndios florestais.
Em declarações aos jornalistas, no final do ‘briefing’, o ministro da Administração Interna começou por fazer referência ao incêndio que lavra na Serra do Caramulo, concelho de Tondela, e que vitimou hoje uma bombeira de 24 anos.
“Queria nesta ocasião, evidentemente, expressar as condolências, quer aos bombeiros de Alcabideche, onde integrava o corpo de bombeiros, quer à família da senhora bombeira”, começou por dizer o ministro da Administração Interna.
Depois, referindo-se aos incêndios que lavram desde domingo, apontou que são, em parte, uma inevitabilidade.
“É, em parte, uma inevitabilidade, dado o estado de abandono em que está uma grande parte da floresta portuguesa”, defendeu o ministro.
Apontou, por outro lado, as temperaturas elevadas que se têm feito sentir e o grau de humidade muito baixo que “propiciam uma muito rápida progressão dos incêndios”.
A estes fatores acrescentou ainda a grande dispersão de ocorrências, sublinhando que só no dia de quarta-feira houve mais de 300 ocorrências no país.
Por outro lado, defendeu que o país tem neste momento “o maior dispositivo de combate aos incêndios dos últimos anos”, apontando que estão a atuar 46 meios aéreos, bem como “o maior dispositivo terrestre dos últimos anos”.
“Morrem bombeiros porque as condições em que se processa a luta contra o fogo nesse tipo de terrenos são extraordinariamente difíceis”, defendeu Miguel Macedo, recusando que estas mortes estejam relacionadas com a falta de preparação ou a falta de meios das corporações.
Lembrou, a propósito, que o Governo “aumentou em mais de 11% o contributo financeiro para as corporações de bombeiros”, não negando, no entanto, que haja corpos de bombeiros em dificuldade, mas recusando que essa seja a questão central.
“A questão é que as condições de facto em que se processam alguns deste combates aos fogos florestais são extraordinariamente difíceis”, sublinhou.
“É só irmos ao distrito de Viseu ou de Vila Real e andar nos montes, que muitas vezes não têm acessos, (e ver) as condições em que se processa quer o trânsito de veículos quando é possível, quer o encaminhamento das equipas que fazem combate a esses fogos florestais ou os declives muito acentuados”, acrescentou.
De acordo com Miguel Macedo, com base em informação da Proteção Civil, o acidente que vitimou esta quarta-feira a bombeira ocorreu num terreno com 60% de inclinação.
O ministro recusou que haja algum problema de estratégia e sublinhou a profunda confiança no dispositivo e no comando.
“Quero deixar aqui uma palavra de reconhecimento e gratidão a todos aqueles que têm lutado de forma extenuante para salvaguardar pessoas e bens ao longo destes dias”, disse o governante.
Quanto a um possível trabalho de prevenção, o ministro disse neste momento estar concentrado em conseguir os meios para combater os atuais incêndios, sublinhando que o país está atualmente “numa guerra muito dura contra os fogos” e que em “tempo de guerra não se limpam armas”.
FONTE: JN