O comandante operacional nacional José Manuel Moura garantiu hoje que o dispositivo de combate a incêndios florestais está preparado para um ano que se adivinha “muito trabalhoso” e que vai estar “na sua máxima força” a partir de quarta-feira.
“O dispositivo vai estar na sua máxima força a partir de 01 de julho. Vamos contar com cerca de 10.000 operacionais 24 horas por dia e também com dispositivo complementar de meios terrestre e aéreos”, disse à agência Lusa José Manuel Moura, a propósito da época crítica em incêndios florestais, que começa na quarta-feira.
Durante a fase “Charlie” de combate a incêndios florestais, que decorre entre 01 de julho e 30 de setembro, vão estar operacionais 2.234 equipas, 2.050 veículos, 9.721 operacionais, estando previsto 49 meios aéreos.
O comandante nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) adiantou que estão previstos 49 meios aéreos, 36 dos quais de ataque inicial, mas existem problemas com as aeronaves para o ataque ampliado, designadamente com os Kamov da frota do Estado, em que apenas um dos cinco está operacional.
“A partir de quarta-feira eu quero contar que vão estar disponíveis 45, são os que estão disponíveis”, disse, sublinhando que “a curto prazo” haverá mais meios operacionais.
Além dos quatro Kamov inoperacionais, aguardam ainda vistos do Tribunal de Contas dois Canadair e outros dois aviões, mas José Manuel Moura garantiu que se trata de uma questão administrativa “que a todo o momento poderá ser resolvida”.
Sobre os quatro helicópteros pesados, o comandante acrescentou que um deles deverá entrar em funcionamento no próximo fim de semana e outro durante o mês de julho, sendo integrados no dispositivo à medida que vão sendo recuperados.
“Essa informação não depende da parte técnica. Ao comandante nacional o que é exigido é que tenha capacidade suficiente para poder, a cada momento, com os meios que têm resolver a situação da melhor maneira possível”, afirmou.
O dispositivo de combates a incêndios florestais, orçado este ano em cerca de 80 milhões de euros, é idêntico ao de 2014, sendo reforçado com 17 equipas nos corpos de bombeiros.
José Manuel Moura explicou que o reforço destas 17 equipas de combate a incêndios florestais está relacionado com a capacidade instalada nos corpos de bombeiros.
“Mesmo havendo mais disponibilidade tínhamos mais dificuldade em aumentar o número de equipas. Foram aquelas que encontramos no território nacional junto dos corpos de bombeiros”, disse.
A fase “Charlie” de combate a incêndios florestais sucede à “Bravo”, que termina hoje e mobilizou, desde 15 de maio, 6.583 operacionais e 1.541 viaturas.
O último relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indica que a área ardida e o número de fogos mais do que duplicaram este ano em relação a 2014.
Segundo o ICNF, registaram-se, entre 01 de janeiro e 15 de junho, 6.113 ocorrências de fogo, mais 3.578 do que no mesmo período de 2014.
O relatório adianta que os 6.113 incêndios resultaram em 14.971 hectares de área ardida, mais 9.446 do que no mesmo período de 2014, quando as chamas consumiram 5.525 hectares.
José Manuel Moura recordou que o melhor ano desde que há registo foi o de 2014.
“Comparar com 2014 corre-se o risco de estar a maximizar essa informação. Contudo já passamos por várias ondas de calor este ano e o número de ignições não tem aumentado em relação à média dos últimos anos. Pelo menos temos tido um controlo mais eficiente e eficaz relativamente ao número de ignições”, sustentou.
O comandante da ANPC disse ainda que “o dispositivo previsto para a fase bravo correspondeu muito bem”, tendo sido excelente.
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