O comandante nacional de operações da Protecção Civil reconhece que os resultados da época de incêndios não são positivos, mas garante que podia ter sido muito pior, caso o sistema não tivesse dado a resposta que deu.
Em entrevista à Renascença, José Manuel Moura afirma que este ano foi evitada uma tragédia semelhante às de 2003 ou 2005, anos em que desapareceram mais de 400 e 300 mil hectares, respectivamente. “Não tenho dúvidas [que podia ter sido pior]”.
“É uma época em termos de balanço que não é positiva, quer na perspectiva da área ardida quer sobretudo na perspectiva das vítimas que tivemos este ano, mas quase me permitiria dizer que só arderam 120 mil hectares porque as condições que tivemos este ano em termos de severidade são superiores às de 2003, similares às de 2005 e em que paradoxalmente tivemos muito mais trabalho. O dispositivo foi muito mais exposto a situações extremas, como aquela série de 9 de Agosto a 3 de Setembro, que foram 26 dias sem paralelo”, disse.
José Manuel Moura defende o dispositivo que comandou e aponta responsabilidades sobretudo ao pilar da prevenção, a cargo da Agricultura e do Ambiente.
Nesta entrevista, o comandante nacional de operações também aborda os acidentes que vitimaram oito bombeiros, dizendo que nenhum ficará por explicar, afirmando que é preciso alterar a forma como os portugueses usam o fogo, nomeadamente na agricultura.
No rol de responsáveis alarga o leque e incluiu todos os portugueses que não fazem o que deviam. “Muitas das pessoas que nós vimos naqueles momentos de maior aperto, a chorar, com baldes de água, porque não é possível ter uma viatura ao pé de cada casa, essas foram as primeiras a concorrer para não ajudar no combate porque naquilo que lhes dizia respeito também não colaboraram, também não cumpriram. O que falha ao nível da prevenção tem a ver com obrigações que são de todos”, acrescenta.
No período crítico de 9 de Agosto a 3 de Setembro o grande problema foi o elevado número de ocorrências, cerca de 300 incêndios/dia.
Há nove meses no cargo, José Manuel Moura teve nos últimos dois alguns dos maiores desafios da sua vida profissional. Entre outras coisas, este seu primeiro mandato como comandante nacional de operações fica marcado pela decisão de assumir pessoalmente as operações de combate a um incêndio, no caso o do Caramulo, o que não acontecia há 30 anos com um titular deste cargo.
(Fonte: Rádio Renascença)