
O estudo de árvores com maior resistência ao fogo, para reflorestar a serra e evitar a propagação de incêndios florestais, está a ser desenvolvido por um engenheiro agrónomo alemão no concelho de Silves, no Algarve.
“A ideia de estudar árvores que possam retardar a propagação de fogos na floresta surgiu depois de ter visto uma reportagem sobre os grandes incêndios na Grécia”, disse à agência Lusa Gerhard Zabel, o engenheiro alemão que chegou ao Algarve há 31 anos como responsável de um projeto de irrigação para a zona do Arade, no âmbito da colaboração luso-alemã.
O estudo de espécies mais resistentes ao fogo foi iniciado em 2007, na Quinta da Figueirinha, uma propriedade agrícola com 36 hectares, adquirida por este técnico em 1988 no barrocal algarvio, focada inicialmente na agricultura biológica, no turismo rural e na proteção da vegetação natural.
Contudo, os elevados custos da produção biológica levaram-no a apostar na área do turismo rural e na criação de espaços de educação ambiental, jardins temáticos e na investigação de espécies para desenvolvimento do meio rural.
Segundo Gerhard Zabel, de 70 anos, dada a frequência de fogos florestais nos países do mediterrâneo, “tinha de se fazer algo para lutar biologicamente contra os fogos e apostar na prevenção” com árvores menos inflamáveis.
O projeto, que abrange uma área de cerca de um hectare de várias espécies de ciprestes, tem a colaboração de técnicos de vários países e é cofinanciado por fundos comunitários.
“É um projeto de longo prazo com árvores que, através dos estudos, demonstraram uma melhor adaptação às condições climáticas e dos solos dos países mediterrâneos”, sublinhou aquele engenheiro.
Gerhard Zabel sublinhou que o estudo “já deveria ter sido feito há muitos anos, para que a floresta fosse ordenada com espécies que evitassem e retardassem a propagação dos incêndios”, recordando os grandes fogos ocorridos no Algarve em 2004 e 2005.
“Se tivessem sido criadas barreiras com a plantação de árvores com maior resistência, teria sido mais fácil combater e travar as chamas”, disse.
Segundo o engenheiro alemão, o estudo e ensaio dos ciprestes “será longo”, estimando que “os resultados só sejam conseguidos daqui a cerca de 20 anos”.
“É um longo período, mas será certamente fundamental para preservar as florestas no futuro”, frisou.
Além do estudo das árvores com maior resistência ao fogo, a Quinta da Figueirinha, a cerca de cinco quilómetros da cidade de Silves, integra diversas plantações e espaços temáticos, como frutos exóticos e jardins botânicos, no sentido de contribuir para a educação e desenvolvimento do meio rural.
“A quinta está aberta a quem a pretender visitar, pois trata-se de um espaço destinado a mostrar a riqueza do mundo rural”, concluiu Gerhard Zabel.
(Fonte: i)