Corporação da Ribeira Brava deixa de assegurar serviço nocturno. Falta de pagamento de vencimentos põe em risco serviço nocturno.
É mais um duro revés nas contas dos bombeiros da Ribeira Brava e na prestação dos primeiros socorros. Depois do serviço de urgências do Centro de Saúde, agora são “os serviços mínimos nocturnos” que “poderão estar em causa”. É desta forma, seca mas preocupada, que Marcelino Pereira, presidente da direccção da corporação dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Brava reage quando o DIÁRIO tenta obter a confirmação de uma eventual recusa do contingente de permanente ao serviço nocturno.
“Hoje (dia 12 de Dezembro”) temos um grupo de três bombeiros, mais o comandante e o adjunto de comando, mas poderá haver dias em que isso poderá não suceder”, declara o dirigente, acrescentando que o “Serviço Regional de Protecção Civil está ao corrente da situação”, numa eventualidade de ser preciso prestar auxílio às populações da Ribeira Brava e da Ponta do sol, dois concelhos cuja ára geográfica compete àquela unidade socorrer em primeira instância.
Na base deste novo desentendimento está a falta de pagamento dos vencimentos dos bombeiros. Marcelino Pereira diz que ontem (dia 12 de Dezembro) mesmo chegou a garantir dinheiro para poder pagar os vencimentos, todavia a “intransigência” da maioria dos bombeiros permanentes não aceitou continuar assegurar o serviço nocturno exigindo que a Associação passe a pagar o subsídio de turno.
Segundo o que foi possível apurar, no passado recente ficou estabelecido entre a direcção e o corpo de bombeiros permanentes que estes prestariam o serviço nocturno em troca de uma compensação de 125 euros desde que não excedessem as seis noites. Em contrapartida a Associação não pagaria o subsídio de turno como estipula a legislação laboral.
“Era um acordo que beneficiava ambas as partes. Os bombeiros recebiam mais um extra e nós não víamos as despesas acrescidas. Com esta reviravolta, obviamente que fica em causa o serviço porque não temos voluntários disponíveis e acarreta mais custos”, explica Marcelino Pereira. O também autarca confidencia que já ninguém se recorda que “antes de ter entrado para a direcção, a corporação tinha 300 mil euros de dívidas (à banca e fornecedores) e quatro meses de salários em atraso”, remata.
Independentemente desse desabafo, os pagamentos em atraso têm sido uma denúncia constante dos bombeiros e nos últimos dias houve mesmo uma reunião alargada justamente para anunciar o fim do serviço nocturno. Essa pretensão acabou por não avançar de imediato mas agora, como admite o presidente da corporação, a decisão está tomada e o Serviço Regional de Protecção Civil está em alerta para a eventualidade de ter de enviar para a Ribeira Brava ou a Ponta do Sol recursos humanos e materiais afectos a corporações de outros concelhos.
Fonte: Diário da Madeira por Victor Hugo