A decisão foi tomada de forma “muito espontânea”, quando Carlos Farinha estava a levantar obras de uma exposição na galeria municipal. Olhando para o quadro “O Vulcão” (foto), lembrou-se que ficaria “mesmo bem” no quartel dos Bombeiros Voluntários de Proença-a-Nova. De imediato se dirigiu à corporação, num gesto discreto que surpreendeu o piquete de serviço ao domingo à tarde. “Gestos destes não são frequentes nos tempos que correm e a atitude tocou-nos profundamente”, afirma o comandante, Hugo Magalhães.
Com um metro por 40 centímetros, o quadro é uma criação deste ano e retrata um bombeiro no topo de um vulcão. “Os bombeiros acompanharam-me desde que cheguei a Portugal. Via amigos que corriam quando tocava a sirene e acho muito importante a missão de transporte de doentes”, explica o artista, que recorda ainda a experiência recente de um incêndio junto à aldeia de Maxiais, em que acompanhou de forma próxima a atuação pronta e dedicada dos meios de combate.
Além de entender a oferta do quadro como uma homenagem ao trabalho desenvolvido, Carlos Farinha espera que seja um incentivo “para que uma instituição destas nunca acabe”. Colocado na sala de convívio do quartel, “O Vulcão” recorda aos elementos da corporação o apreço e reconhecimento pelas muitas situações difíceis em que tantas vezes se encontram.
Nascido em 1971 e com uma infância vivida em França, Carlos Farinha passou a adolescência em Proença, concelho de origem dos pais. Licenciado em Artes Plásticas, vertente escultura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa, cria figuras com uma dimensão satírica que lançam um olhar muito próprio sobre locais, ambientes sociais e personagens típicas. É autor do quadro que, no átrio dos Paços do Concelho, retrata todas as suas freguesias, território e gentes.
(Fonte: Rádio Condestável)