Os dois focos de incêndio a merecer maior preocupação por parte da Proteção Civil lavravam, na manhã desta sexta-feira, no distrito de Castelo Branco. Ambos em Oleiros, concelho onde já arderam dez mil hectares. O incêndio na Guarda foi dominado.
No primeiro briefing do dia, a adjunta de operações da Autoridade Nacional de Proteção Civi, Patrícia Gaspar, indicou que foram registadas 29 ocorrências desde as 0h00 desta sexta-feira.
Para Oleiros foram entretanto destacados três helicópteros suíços. Ao amanhecer era neste concelho do distrito de Castelo Branco que persistiam as situações mais graves. Em Cambas havia três frentes ativas e dispersas, que mobilizavam dois aviões Canadair e outros seis aviões de médio porte.
Na aldeia de Poeiros participavam no combate às chamas quatro helicópteros, entre os quais dois Kamov.
Mais de 30 grupos de bombeiros atuam nos diversos teatros de operações, aos quais se juntam 16 máquinas de rasto e pelotões militares em missão de vigilância e rescaldo. Pelas 9h00, em Oleiros, estavam mobilizados mais de 900 operacionais, apoiados por um total de 309 veículos e 12 meios aéreos.
Quanto ao número de feridos, Patrícia Gaspar referiu mais de uma centena de pessoas assistidas desde o início do combate a este incêndio, que deflagrou no concelho de Abrantes.
Ao todo são 163 os feridos, sendo que 153 são ligeiros e dez encontram-se em estado grave.
Dez mil hectares calcinados
As chamas que lavram desde quarta-feira em Oleiros já destruíram pelo menos dez mil hectares de floresta, nas contas do presidente da Câmara Municipal, Fernando Jorge.
Contudo, o autarca admitia esta manhã, em declarações à agência Lusa, que a situação estava mais calma, com os bombeiros a enfrentarem uma só frente ativa. Mas os receios mantinham-se.
“A situação está mais calma no concelho, mas esta frente ativa ainda preocupa. Temo que, se vier o calor, tudo se torne mais complicado”, afirmava o responsável.
Fernando Jorge adiantou que as aldeias de Silvosa e Vinha foram evacuadas por precaução. Os moradores foram encaminhados para residências de familiares. Durante a noite houve outras aldeias ameaçadas pelo incêndio, mas não há notícia de mais danos em casas.
Oito casas de primeira habitação arderam ontem no incêndio do concelho de Oleiros, sete na localidade de Orvalho e outra em A-de-Moço. Na última noite o fogo era dado como incontrolável.
Bombeiros feridos
O combate às chamas em Oleiros tem sido particularmente duro para os bombeiros. Um dos dois operacionais de Vieira de Leiria ontem feridos no incêndio de Oleiros apresenta queimaduras de primeiro e segundo graus, mas não corre risco de vida, segundo o comandante daquela corporação, João Lavos, citado pela Lusa.
Os dois bombeiros ficaram feridos num acidente com uma viatura de abastecimento.
Uma frente de fogo na Foz do Giraldo apanhou seis bombeiros do distrito de Leiria, quando estes se dirigiam para o combate em Oleiros.
Fonte do Centro Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco explicava na noite de quinta-feira que os operacionais “iam em dois veículos de abastecimento, com menos mobilidade, e não conseguiram fugir”.
Risco máximo
De acordo com o portal da Autoridade Nacional de Proteção Civil, vários concelhos dos distritos da Guarda e de Castelo Branco estavam na manhã desta sexta-feira sob risco máximo de incêndio.
Debaixo de risco muito elevado encontravam-se diferentes concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real, Viseu e Faro. Já em concelhos dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Coimbra, Leiria, Santarém, Portalegre, Évora e Beja o risco era elevado.
Nos distritos do Porto, Aveiro, Lisboa e Setúbal o risco era moderado.
A meteorologia prevê para esta sexta-feira, em Portugal continental, temperaturas a oscilar entre 22 graus Celsius em Viana do Castelo e 34 graus em Évora.
RTP