O presidente da Liga dos Bombeiros esclareceu hoje que a “paralisação total” anunciada para setembro está restrita ao transporte de doentes não urgentes, mantendo-se os profissionais em alerta para combater eventuais incêndios.
Em declarações à agência Lusa, Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), precisou que quer a manifestação convocada para Lisboa, Coimbra, Porto e Faro, a 18 de agosto, quer a paralisação entre 04 e 06 de setembro, estão restritas ao serviço de transporte de doentes não urgentes, mantendo-se o socorro contra os incêndios.
“[Faremos] uma paralisação em quatro cidades, em Lisboa, Coimbra, Porto e Faro, com viaturas exclusivamente da saúde, só desse setor, de transporte de doentes não urgentes. Manteremos todo o socorro nos fogos florestais, e em tudo quanto é socorro os bombeiros estarão a 100 por cento”, assegurou Jaime Marta Soares.
Em causa está a luta por uma “sustentabilidade financeira” que permita manter tripulações e equipamentos ao serviço, e são medidas nesse sentido que a LBP vai hoje começar a negociar com o Ministério da Administração Interna e o Ministério da Saúde, em reuniões que decorrem esta tarde.
Com as novas regras para o serviço de transporte de doentes não urgentes, que retiram a exclusividade do serviço aos bombeiros, e passam a permitir que o transporte se faça em viaturas ligeiras autorizadas para o efeito, a LBP teme que se assista a milhares de despedimentos.
“Entrando essa viatura em funcionamento, pode, a curto prazo, num espaço de 120 dias, levar a que várias centenas de ambulâncias, senão mesmo milhares, sejam postas de parte e a que centenas ou milhares de bombeiros assalariados sejam despedidos”, avançou o presidente da Liga.
Os bombeiros dizem que “não aceitam” ser tratados como “meros transportadores de doentes”, afirmando que prestam um serviço em “ambulâncias de qualidade, com serviço especializado e com tripulações com formação adequada”.
Daí que se preparem para exigir ao ministério da Saúde a instituição de um “período de carência, que pode ir de três a cinco anos”, e que terá o propósito de permitir uma “adaptabilidade das estruturas” dos bombeiros e uma avaliação dos benefícios em continuar a prestar esse serviço.
“Espero que da reunião de hoje saiam efetivamente conclusões que permitam chegar a uma negociação final sem ter que recorrer a situações extremas. Nós, bombeiros, não as queremos, estamos a ser empurrados para elas pelo ministério da Saúde, pelas dívidas que têm para connosco”, afirmou Jaime Marta Soares.
“Também queremos com o MAI uma discussão muito séria sobre a lei do financiamento, mas também alterações fiscais em relação aos bombeiros voluntários e que seja revisto e avaliado o apoio mensal que não é atualizado há cinco anos e devia ter uma atualização de 2,5 por cento ao ano”, acrescentou.
O presidente da LBP apelou ainda à adesão da população ao protesto de agosto, porque, defendeu, “este é um problema que não é só dos bombeiros”, que recusam que as populações possam ficar “entregues à sua sorte.
Diário Digital com Lusa