O fogo deste ano rugiu com uma fúria que parecia não ter fim. Labaredas que devoravam tudo à sua passagem, noites intermináveis e o cheiro a cinza que se entranhava na pele e na alma. Estar na linha da frente não é apenas um dever, é caminhar entre o medo e a coragem, é dançar com o perigo e proteger vidas como se fossem parte de nós mesmos.
Mas este ano levou-nos alguém que não volta. Um colega, um amigo, alguém que partilhava cada riso, cada esforço, cada vitória silenciosa. A sua ausência deixou um vazio que se sente em cada corredor, em cada canto do quartel e em cada silêncio pesado antes de entrar na próxima missão. Ainda assim, é a sua memória que nos dá força. Lembramo-nos de que somos espírito indomável, feitos de coragem e dedicação, e é isso que nos inspira a continuar.
Ser bombeira é sentir o mundo a arder e, mesmo assim, encontrar beleza naquilo que salvamos. É sentir o cansaço nos músculos e a firmeza no coração. É saber que, por mais feroz que seja o fogo, a união e a coragem juntos são sempre mais fortes. Cada gesto nosso, cada socorro, cada sacrifício, é uma homenagem silenciosa. Cada vitória sobre as chamas carrega esse silêncio.
A vida é frágil como uma faísca, mas a coragem, o amor pelo próximo e a dedicação são eternos como o fogo que iluminou as nossas noites mais escuras. Continuamos fortes e firmes, porque é isso que somos.
A todos os meus colegas, a todos os bombeiros de Portugal, a todas as forças armadas, a todas as forças de proteção e socorro, a todas as pessoas que ajudaram de uma maneira ou de outra, que nunca se apague a chama da coragem, da dedicação e da união. Que nunca nos falte força para continuar, mesmo quando o cansaço e a dor parecem maiores do que nós.
Porque somos NÓS! Somos capazes de tudo. Venha quem vier, venha o que vier, venha o fogo, venha a noite, venha a dor. Estaremos sempre fortes e unidos, como não houvesse amanhã. Sempre prontos, sempre lado a lado, sempre de pé!
Sara Andrade – Bombeira de 3°
Bombeiros Voluntários da Covilhã
0501

 

