Segundo análise do Portal Bombeiros.pt com base nos dados disponibilizados pelo IPMA, SpotWX, Tropical Tidbits e ANEPC, o incêndio que deflagrou na madrugada de 13 de agosto, na freguesia de Piódão (Arganil), mantém-se ativo e em progressão, mobilizando às 09h15 desta quinta-feira 914 operacionais, 300 veículos e 4 meios aéreos.
O alerta foi dado pelas 05h08 e a ocorrência apresenta 5 frentes de grande extensão, alimentada por vegetação seca e topografia acidentada.
Condições meteorológicas atuais e previstas
A análise cruzada de modelos e observações confirma um cenário altamente desfavorável ao combate nas próximas horas:
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Vento: Direção predominante SE (Sudeste), com intensidade média entre 15 e 20 km/h e rajadas que podem atingir 38–40 km/h. 
 – O vento de sudeste empurra o fogo na direção noroeste, podendo potenciar a progressão em vales e encostas voltadas a essa orientação.
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Temperatura: A rondar os 30–32 °C durante a tarde. 
 – Valores elevados aumentam a secagem dos combustíveis finos e potenciam chamas mais intensas.
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Humidade relativa: Prevê-se descida para valores abaixo dos 25–30% nas horas críticas. 
 – Ar muito seco que facilita a ignição e acelera a propagação.
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Altitude da camada limite planetária (PBL): Modelos indicam elevação até cerca de 2500 m durante a tarde. 
 – Permite maior ventilação vertical, podendo intensificar colunas convectivas e instabilidade no comportamento do fogo.
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Índice de Haines: Entre 5 e 6 nas horas mais críticas. 
 – Elevado potencial de incêndios intensos com desenvolvimento vertical significativo.
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Cisalhamento (Wind Shear): 48 kt na camada 200–850 mb. 
 – Variação acentuada de vento com a altitude, aumentando a probabilidade de mudanças bruscas na direção e velocidade da frente de fogo.
Perspetiva para as próximas horas
O período mais crítico mantém-se entre 12h00 e 19h00 desta quinta-feira.
Durante a manhã, o vento de sudeste (SE), com rajadas próximas dos 40 km/h, favorecerá a propagação na direção noroeste, podendo pressionar zonas de difícil acesso e criar focos secundários à frente da linha principal.
Ao final da tarde, está prevista rotação para oeste/noroeste (W/NW), com intensificação do vento médio para 20–25 km/h e rajadas superiores a 40 km/h. Esta mudança de direção pode expor áreas já intervencionadas e criar novas frentes ativas, obrigando a reposicionamento rápido das equipas.
As rajadas mais fortes deverão ocorrer em zonas de crista e áreas expostas ao quadrante oeste, onde o avanço das chamas poderá ser mais rápido e intenso.
A humidade muito baixa e as temperaturas elevadas manterão o Índice Meteorológico de Incêndio Florestal (FWI) em níveis muito elevados a extremos, especialmente em áreas de mato e floresta contínua.
Mesmo durante a noite, embora possa ocorrer alguma recuperação de humidade, esta será insuficiente para travar a progressão do incêndio sem ação direta e contínua no terreno.
Recomendações operacionais
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Segurança prioritária — Confirmar e manter Caminhos de Fuga, comunicação permanente entre equipas, definir zonas de segurança, vigias e pontos de ancoragem. 
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Atenção às projeções — Destacar vigilância avançada à frente e flancos para ataque rápido a novos focos. 
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Consolidação matinal — Maximizar esforços na consolidação de linhas de defesa antes da intensificação do vento. 
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Uso criterioso dos meios aéreos — Operar preferencialmente nas primeiras horas da manhã e em locais de difícil acesso terrestre. 
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Coordenação logística — Garantir abastecimento contínuo de água e rotação de operacionais para evitar fadiga em horas críticas. 
Recomendações à população
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Evitar deslocações para zonas afetadas ou próximas do incêndio. 
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Seguir as instruções das autoridades e, se residir em zonas de risco, preparar evacuação antecipada se necessário. 
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Não utilizar fogo, maquinaria ou realizar trabalhos que possam gerar faúlhas. 
O Portal Bombeiros.pt continuará a acompanhar a evolução desta ocorrência e a divulgar atualizações técnicas e operacionais, de forma a apoiar as equipas no terreno e a manter a população informada.

 

