Em primeiro lugar e neste regresso das minhas opiniões ao Bombeiros.pt agradecer o convite e o acreditar por parte do Portal que a minha opinião pode ter espaço neste projeto.
Escolhi como tema para abrir a minha participação uma palavra que tem por detrás um conceito que me diz muito, EQUIDADE.
Neste nosso mundo dos Bombeiros vemos quase todos os dias exigências e lutas por igualdade, por uniformidade, por reconhecimento… por… e mais por…
No entanto, nunca vi ou li, alguém lutar ou exigir equidade!
Mais que igualdade em fardamentos, uniformidade em procedimentos ou reconhecimento pelo público, o que na minha opinião mais afeta os bombeiros enquanto indivíduos, é a clara falta de equidade.
– Do que adianta termos todos fardas iguais quando a legislação disciplinar e outras são aplicadas de um modo discricionário.
– Do que adianta queremos todos, uniformidade nas ações quando existem camaradas que ainda lutam todos os dias por terem acesso à mais elementar formação e condições de treino.
– Do que adianta queremos reconhecimento público, ou mais reconhecimento, e depois haver camaradas que por exemplo, nunca viram um cêntimo dos pagamentos dos diversos DECIF em que participaram, sem nunca terem obtido uma simples explicação ou justificação.
– Do que adianta querer benefícios por parte deste ou daquele Organismo ou Entidade Pública ou Privada e depois haver camaradas que por falta de condições sócio-económicas se vêem obrigados a deixar os seus Corpos de Bombeiros.
– Do que adianta querer que um empresário ou patrão reconheça a condição de Bombeiro Voluntário e depois haver camaradas, que têm extremas dificuldades em verem esse reconhecimento dado pelas Associações Humanitárias de Bombeiros para quem trabalham.
Por todos estes aspetos acima referidos e mais uma infinidade de outros que provavelmente tornariam este artigo num extenso texto, penso que antes de tudo, temos de exigir equidade no tratamento que é dado aos Bombeiros, ou seja, que um Bombeiro independentemente da localidade onde viva ou maior ou menor conhecimento que tenha de “direito” tenha o mesmo tratamento disciplinar, que veja a sua missão ser reconhecida pelos seus Dirigentes Associativos e Operacionais e que os mesmos o motivem e ajudem a continuar a fazer o que gosta.
Quando todos os Bombeiros tiverem um tratamento equitativo, aí, talvez seja tempo de evoluirmos na “pirâmide de necessidades” para níveis mais filantrópicos e/ou de imagem.
Por agora ficaria muito satisfeito que nos centrássemos em algo mais básico, algo que permita a todos estarmos não ao mesmo nível, mas em condições de chegarmos ao mesmo nível, ou seja, sermos tratados por todos de um modo equitativo.
António Calinas