Divergências na Associação Humanitária levaram o corpo ativo a fazer um ultimato à direção, mas o pedido de demissão do presidente fica suspensa até dia 1 de março.
O corpo ativo dos Bombeiros Voluntários de Sousel suspendeu a decisão de entregar os capacetes e pedir a passagem ao quadro de reserva caso o presidente da direção da Associação Humanitária não se tivesse demitido até às 19 horas desta quarta-feira, dia 22 de fevereiro.
Nem Mariano Velez Maluco se demitiu, tal como pretendia o corpo ativo, nem os operacionais bateram já com a porta, mas apenas a pedido do presidente da Câmara, que propôs a realização de uma reunião com os diversos intervenientes, para tentarem encontrar uma solução que sirva todas as partes.
O diferendo que motiva este desaguisado já tem alguns anos, mas ter-se-á agudizado com a passagem de Mariano Velez Maluco para o cargo de presidente da Associação Humanitária. O comandante José Fernandes explica que, além de “desrespeitar a corporação” e mostrar “prepotência, ao interferir na parte operacional, a gota de água foi a rescisão do contrato com dois operacionais”, uma decisão para a qual “o presidente não explica porquê, decide e pronto”, uma atitude que o corpo ativo diz não se coadunar com o volume de serviço existente.
“Se o presidente conseguisse explicar às pessoas o porquê das suas decisões e atitudes, se calhar não tínhamos chegado aqui, mas a questão financeira é apenas um das muitas coisas que se têm vindo a acumular ao longo deste tempo”, reitera o comandante.
Mariano Velez Maluco tinha até às 19 horas de dia 22 para se demitir, caso contrário, os voluntários entregavam definitivamente os capacetes (o que já tinham feito simbolicamente) e pediam a passagem ao quadro de reserva. A decisão assumida por 33 dos 50 elementos do corpo ativo (pois 17 são do quadro) poderia por em causa os serviços que a corporação presta à população.
Durante a tarde, antes de findar o prazo do ultimato, o presidente da Câmara Municipal de Sousel, Manuel Valério, promoveu uma reunião com a presença da presidente da Assembleia Municipal, os corpos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sousel (direção e assembleia geral), o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Alentejo e o comandante do corpo ativo dos voluntários de Sousel. “Após a partilha dos interesses das diferentes partes, não se tendo chegado a nenhum consenso, foi proposto pelo Sr.º presidente do Município a realização de uma reunião no próximo dia 1 de março, com a presença de todo o corpo de bombeiros e as restantes entidades presentes nesta primeira reunião”, lê-se na ata da reunião que o comandante José Fernandes teve com os seus operacionais ao final do dia de hoje.
Após ter conhecimento da proposta do autarca, “em detrimento da tomada de decisão agendada para o dia de hoje, o corpo ativo aceitou a solução apresentada, embora não abdicando dos seus interesses e objetivos que sustentam a tomada de posição que tinham previsto para este dia”.
José Fernandes reitera ao JN que “caso na reunião da próxima semana tudo se mantenha na mesma, a intenção da corporação entregar os capacetes e o pedido de passagem ao quadro de reserva avança mesmo”.
A questão financeira terá pesado na decisão da direção que, em comunicado, já tinha alertado que a exigência feita “além de ilegítima é ilegal”, reiterando a legitimidade da direção “eleita democraticamente pelos associados” e negando as acusações feitas pelo corpo ativo.
Esclarece ainda que a direção “pauta e pautará a sua conduta sempre no interesse supremo da Associação Humanitária, visando igualmente e, em primeiro lugar, a sua sustentabilidade financeira, por isso não se lhe torna possível contratar pessoal para além do número de pessoas a que é possível pagar”.
A Associação Humanitária terá tido um decréscimo de receitas, o que obriga a uma gestão mais rigorosa. Argumento corroborado pelo presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Portalegre, também presidente da direção da Associação Humanitária de Ponte de Sor.
Marçal Lopes avança ao JN que “infelizmente, nem sempre a possibilidade de uns corresponde ao desejo de outros. O desejável era que coincidissem, mas nem sempre é possível devido aos constrangimentos financeiros que as associações humanitários de bombeiros têm vindo a enfrentar”.
Fonte: Jornal de Noticias