Aumentar o preço das bebidas alcoólicas e implementar um programa de ativos no mercado de trabalho são duas das propostas do plano de prevenção do suicídio, que deverá estar concluído no final de março, segundo avançou o jornal «Público».
«Nós recomendamos aquilo que achamos necessário, mas as decisões são dos políticos. O nosso parecer é técnico, depois estas medidas ficam na mão do Governo», afirmou à TVI24 Álvaro Carvalho, diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental da DGS.
O relatório irá parar às mãos do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Leal da Costa, que, em entrevista à Agência Lusa, em abril de 2012, admitiu a «realidade crescente» do suicídio em Portugal e prometeu que o plano estaria pronto até ao final do ano, devido ao ser caráter «muito prioritário». No entanto, o plano só agora está quase concluído, dedicando especial atenção à ligação entre o consumo de álcool, o desemprego e a depressão.
No entender de vários especialistas, crise e suicídio andam de mãos dadas. «Em todas as circunstâncias de maior crise económica ou financeira, com o aumento do desemprego e o aumento de situações de maior dificuldade social, individual e familiar, é possível e imaginável que isso [aumento dos suicídios] aconteça», admitiu na mesma entrevista Fernando Leal da Costa.
Como o plano de prevenção do suicídio abrange outras áreas que não a Saúde, também os secretários de Estado do Emprego, Pedro Silva Martins, e da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, têm sido avisados destas recomendações.
Definir preços mínimos para as bebidas alcoólicas é outra das propostas do plano. Pretende-se, assim, evitar as borlas nos bares e discotecas, prevenindo o consumo exagerado da chamada geração dos shots. O alcoolismo nos jovens é, aliás, uma tendência confirmada por fonte dos Alcoólicos Anónimos em entrevista à TVI24.
O plano de prevenção do suicídio defende ainda um reforço dos programas de emprego e a atribuição de subsídios às famílias mais atingidas pelo desemprego, baseando-se em «recomendações internacionais» e «evidências científicas». Medidas que, no contexto atual, dificilmente serão atendidas na prática pelo Governo, como reconhece o também psiquiatra.
MAIOR ATENÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Outra das propostas desta equipa de especialistas é uma maior sensibilização dos profissionais, sobretudo dos cuidados de saúde primários, porque os médicos de família são muitas vezes o principal recurso dos doentes depressivos.
«Terá de haver uma sensibilização para os clínicos valorizarem quem está deprimido. Também outras profissões, como polícias e bombeiros, que têm contacto com as populações, poderão ser chamadas a contribuir para encaminharem melhor os doentes», explicou Álvaro Carvalho à TVI24.
Segundo o responsável pelo plano, no relatório há «chamadas especiais de atenção» para subgrupos específicos. «Os idosos, que são as principais vítimas, os grupos LGBT e as forças de segurança, que têm visto os casos de suicídio aumentar», especificou.
Fonte: Tvi24