Era uma vez um bombeiro anónimo…

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BombeiroCComo devem imaginar, são muitos os E-Mails que semanalmente nos chegam à nossa caixa de correio, mas este, em particular, não podíamos deixar de publicar pela sua história altruísta revelada na primeira pessoa.

Foi este o titulo “Era uma vez um bombeiro anónimo…” que escolhemos para descrever este relato, que revela a capacidade humana, a entrega ao próximo por parte de um bombeiro anónimo, que simplesmente pelo seu nome ninguém conhece, mas que certamente é um forte candidato a bombeiro de mérito da Liga dos bombeiros Portugueses.

Se assim não for, estamos certos, que a consciência de António Pedro bombeiro voluntário em Vila Verde, está de consciência tranquila porque mesmo sendo anónimo cumpriu a sua nobre missão.
Transcrevemos na integra o E-Mail que nos foi enviado, para que possam igualmente testemunhar este verdadeiro momento de vida-Por-Vida.

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Exmos. Srs.,

Boa tarde,

Sou vilaverdense e tenho uma dívida de gratidão a um bombeiro vilaverdense, não vejo outra forma de lhe retribuir a minha estima que não seja tornar público seu ato.

Por isso, deixo a V/ Exa. o meu testemunho.

Atenciosamente,
Ana Isabel Lopes

Há episódios nas nossas vidas que nos marcam para sempre. E penso que os mais marcantes são, sobretudo, aqueles a quem ficamos gratos a alguém eternamente.
Na passada segunda-feira, dia 28 de Outubro, como habitualmente, fui buscar o meu filho mais novo à ama, que se localiza num caminho inclinado que conflui numa rua de Vila Verde bastante inclinada. O meu filho mais velho, de seis anos, adormeceu no carro durante o percurso da sua escola até ali, e porque a distância era curta e o tempo reduzido, num minuto pensava recolher o mais novo, e não teria que o acordar. Puxei o travão de mão com toda a força que tenho, saí do carro com tranquilidade para entrar na casa da ama. Dei uns passos e voltei-me para trás para fechar o carro com o comando, e aqui começou o momento mais aflitivo e desesperante da minha vida, pois o carro, sem eu perceber como, começou a descair na descida da rua. Com o meu filho lá dentro. A dormir em toda a sua paz, que só as crianças podem ter. Corri quanto pude, ainda tive tempo de me agarrar ao puxador da porta, mas a descida era muito inclinada e o carro muito pesado e cada vez me fugia em maior velocidade. Era hora de ponta, começavam a circular cada vez mais carros, o meu ia entrando na rua movimentada.
Até que um milagre aconteceu. Alguém, além de Deus, estava a testemunhar o meu sofrimento, e num ápice de inteligência e rapidez de movimentos salvou o meu filho.
António Pedro Martins é a pessoa.
Estava a chegar a casa e ia estacionar o seu carro, apercebeu-se do meu drama, e com uma admirável e rara rapidez de pensamento e ação, que pensamos que só existe nos filmes, retrocedeu com o seu carro, fez marcha atrás e colocou-o em posição estratégica de forma a amparar o meu, o qual deslizava descontrolado. O meu carro chocou no dele e parou, e o meu filho acordou.
Este é o milagre. E se há Deus e anjos, o António Pedro foi, sem dúvida seu mensageiro.
Este rapaz, talvez na casa dos vinte anos, é bombeiro. Não estava em serviço, mas sacrificou-se e sacrificou o que é seu para me ajudar. Eu digo, é verdadeiramente um herói, um bombeiro em todos os segundos do seu dia, alguém que encarna a sua missão de ajudar os outros e de estar sempre alerta para acorrer a quem precisa. É um exemplo de profissionalismo incansável.
Estar-lhe-ei eternamente grata. Foi o anjo da guarda do meu filho.
Obrigada, António Pedro!

 

 

About author

Sérgio Cipriano

Natural de Gouveia e licenciado em Comunicação Multimédia pelo Instituto Politécnico da Guarda. Ingressou nos bombeiros com apenas 13 anos de idade e hoje ocupa o cargo de sub-chefe. É um dos fundadores da Associação Amigos BombeirosDistritoGuarda.com e diretor de informação do portal www.bombeiros.pt, orgão reconhecido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social.