Ao contrário da grande maioria dos corpos de bombeiros do país, os combatentes de Torres Vedras partem este ano para a frente de fogo com equipamentos individuais de proteção mais apropriados para os incêndios florestais.
Acabaram de receber um total de 120 pares de botas, 140 máscaras para proteção das vias aéreas e luvas para combate específico a incêndios florestais e todo o equipamento de proteção individual para o fogo urbano, no valor de 70 mil euros.
Uma doação feita pela organização internacional Pró Vida, que em Torres Vedras escolheu apoiar também a APECI, no âmbito do seu projeto de responsabilidade social.
Até agora os bombeiros ainda só tinham recebido parte do equipamento prometido pelo Governo, nomeadamente alguns capacetes, faltando a maior fatia do equipamento necessário ao combate florestal: fatos (calça e dólmen), botas, capuzes de proteção (cógulas), luvas e demais capacetes, que já não vão chegar a tempo da época crítica dos incêndios, devido a um atraso nos concursos de adjudicação.
Pelo que esta doação caiu do céu a uma direção “desgostosa” por ter uma “deficiência” no que diz respeito ao equipamento de proteção individual, e que não esquece “o pandemónio que foi o ano passado com as histórias de bombeiros que morreram, de botas derretidas e de vias aéreas queimadas”, referiu Gonçalo Patrocínio, presidente da direção, no passado dia 17, data em que os equipamentos foram entregues aos bombeiros.
“Sempre foi nosso objetivo tentar colmatar esta falha e iríamos com certeza aplicar algum valor, mas nunca conseguiríamos chegar a isto”, referiu o presidente, mostrando-se orgulhoso “porque se os nossos bombeiros já são reconhecidos por serem competentes, altamente profissionais e bem preparados ao nível de equipamentos, era importante que também estivessem ao nível de equipamentos de proteção individual”, concluiu aquele responsável.
Grande parte dos bombeiros usa apenas uma farda, de algodão, e botas que não são resistentes às chamas. “Os bombeiros sempre usaram esse material, era o que havia. Infelizmente foi preciso morrerem bombeiros na frente de fogo para finalmente os responsáveis deste país repararem que os bombeiros não tinham os equipamentos adequados e darem a devida atenção a esta questão”, abrindo concursos para dotar os corpos de bombeiros com os equipamentos necessários, refere Fernando Barão, comandante da corporação.
O comandante regista com agrado o iniciar do processo, mas lembra que “isto não pode parar por aqui, é preciso pensar na substituição do material, porque ele desgasta-se rapidamente e as associações por si só não têm condições financeiras para o repor. Além disso, cada bombeiro só tem um equipamento e como é quando ele estiver a lavar?”, questiona o comandante, lembrando que está em cima da mesa a discussão sobre o financiamento dos corpos de bombeiros. “Que se arranje uma nova forma das associações terem dinheiro para equipar os seus bombeiros”, é o que defende.
Entretanto, o restante material para o combate às chamas a entregar pelo Estado só deverá chegar no próximo ano. Até lá, os homens e mulheres daquela casa vão continuar a enfrentar as chamas florestais com a mesma determinação, coragem e empenho de sempre, mas Fernando Barão alerta: “sem nunca quebrar a barreira de segurança, porque não há pinhal algum que valha a vida de um bombeiro”.
(Fonte: Jornal Badaladas/ B.V. Torres Vedras)