As revelações contidas no relatório de 2017 levaram a um primeiro confronto entre a Liga do Bombeiros Portugueses (LBP) e o MAI.
No início de 2018, a 5 de Janeiro, a LBP informou pela primeira vez que deveria ser “a ANPC assumir na íntegra a gestão do apoio alimentar em todos os teatros de operações”. Razão: “Atendendo a que se levantaram suspeitas no fornecimento de refeições solicitadas pelos codis [comandos distritais] às associações humanitárias de bombeiros voluntários, e porque esta situação configura o lançamento de um anátema de suspeição sobre as associações, entende a LBP exigir da ANPC e do Governo o necessário e cabal esclarecimento sobre a matéria, no sentido de preservar o bom nome e a idoneidade dos corpos de bombeiros e comandos deste importante e fundamental movimento de socorro e solidariedade social.”
O Governo não esclareceu nada e a liga admitiu continuar a garantir as refeições. Porém, a partir daí foram lançadas várias auditorias e detectadas diversas irregularidades.
Nesta sexta-feira, a LBP, face ao “anátema da suspeição que, de novo, querem fazer cair sobre os bombeiros”, voltou a ameaçar deixar de distribuir as refeições. “A forma simplista e precipitada como agora, mais uma vez, os bombeiros são visados não pode deixar de suscitar o mais firme repúdio e protesto ao pôr em causa a honorabilidade e a dignidade das associações humanitárias, dos seus dirigentes, comandos e bombeiros”, salienta a liga, presidida por Jaime Marta Soares.
A LBP diz estar consciente de que ninguém está acima da lei e que nunca colocou em causa as inspecções, mas reclama “que seja devidamente investigado e provado que os Bombeiros Portugueses cometeram alguma irregularidade, mesmo formal que seja”. “Assim, e até que os factos sejam comprovados nos locais próprios, contestamos veementemente esta insultuosa insinuação”, conclui. O Governo ainda não respondeu à liga.
A Procuradoria-Geral da República disse ao PÚBLICO ter “recebido muito recentemente” o relatório sobre os incêndios de Mação enviado pelo ministro da Administração Interna, revelando que este se encontra “em análise”.
(Fonte: Público)