O inferno desceu à terra, a muitas terras de Portugal continental. As chamas e o fumo de quase três centenas de incêndios obrigaram pessoas a fugir de aldeias, causaram feridos entre povo e bombeiros e mataram animais e floresta.
Foi uma terça-feira negra em Portugal. Cerca de 300 incêndios mobilizaram mais de 4700 bombeiros no continente. As altas temperaturas dos últimos dois dias foram um rastilho para as chamas que varreram de novo o país, principalmente nas regiões Norte e Centro.
Um dos casos mais complicados viveu-se no concelho de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo. Em Paradela, a GNR teve de obrigar 15 pessoas a deixar a aldeia, ameaçada pelas chamas. Muitos homens, e algumas mulheres, como é o caso de Maria Soares, ficaram para dar luta ao fogo e proteger o que tanto custou a ganhar. Defenderam casas, alfaias agrícolas e animais. Alguns morreram.
Ao início da madrugada, 66 operacionais, apoiados por 28 meios terrestres, estavam ainda envolvidos no combate ao incêndio com uma frente ativa no Soajo. Mas na manhã desta quarta-feira os dois meios aéreos acionados “foram desmobilizados por falta de condições para operar”.
Ainda no distrito de Viana do Castelo, a Proteção Civil também destacava um fogo no concelho de Ponte de Lima, em Boalhosa. Com duas frentes ativas, estava a ser combatido por 69 operacionais, apoiados por 23 meios terrestres.
Segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil, à meia-noite estavam ainda ativos em Portugal continental 92 incêndios, combatidos por 3602 operacionais, apoiados por 1121 meios terrestres.
Os incêndios de Boticas e de Vila Pouca de Aguiar são os dois no distrito de Vila Real que merecem destaque na página da Proteção Civil e que permanecem ativos há várias horas.
Em Vila Pouca de Aguiar, o combate ao fogo na localidade de Soutelinho do Mezio, que também começou segunda-feira, participam 91 operacionais, apoiados por 27 meios terrestres. O incêndio permanece com duas frentes ativas. Durante o dia e ao princípio da noite, as chamas rondaram as aldeias de Tourencinho e Outeiro, obrigando à retirada de algumas pessoas mais idosas desta última localidade. A evacuação das localidades chegou a ser ponderada, mas o rápido avançar das chamas não o permitiu.
No concelho de Boticas, “arderam cerca de dois mil hectares, 90% da área é pinhal. Muito, muito prejuízo, é desolador olhar para o meu concelho agora”, afirmou Fernando Queiroga. O presidente da autarquia referiu, ainda, que “50% da mancha florestal do município desapareceu nas últimas 24 horas”.
No distrito de Viseu, um incêndio em Castro de Aire, na localidade de Granja, mobiliza 187 operacionais, apoiados por 53 meios terrestres.
No distrito do Porto, continuavam ativos dois incêndios nos concelhos de Paredes e de Gondomar. Em Paredes, 74 operacionais, apoiados por 21 meios terrestres, combatem um fogo com quatro frentes ativas na localidade de Baltar. Durante o dia, o sol praticamente desapareceu em Paredes, tapado por uma cortina de fumo, alimentada por seis fogos no concelho.
Em Gondomar, na localidade de Lomba, 152 operacionais, apoiados por 42 meios terrestres, tentam apagar o incêndio que permanece com três frentes ativas.
Entretanto, em Lousada, um bombeiro teve um acidente durante o combate a um incêndio florestal em Cernadelo. Caiu num poço com profundidade aproximadamente de 25 metros e fraturou os dois tornozelos e sofreou outra lesão na coluna.
Soure, o mais complicado do dia… e da noite
Ao início da madrugada desta quarta-feira, o incêndio que mobilizava mais meios continuava a ser o de Soure, distrito de Coimbra, com 549 operacionais empenhados no combate ao fogo na localidade de Carpinteiros.
No combate ao incêndio, que teve início na segunda-feira e permanecia com duas frentes ativas, estavam também envolvidos 176 meios terrestres.
Além do incêndio em Soure, a Proteção Civil destaca, na sua página na Internet, mais 13 incêndios, três dos quais em resolução.
Estão em fase de resolução, os incêndios no concelho de Vila Verde, no distrito de Braga, em Freixo de Espada à Cinta, Bragança, e em Paredes, na localidade de Rebordosa, no Porto.
Dois incêndios em Cabeceiras de Basto e Vieira de Minho, distrito de Braga, estão ser combatidos por 185 operacionais.
Em Cabeceiras de Basto, 115 operacionais, apoiados por 43 meios terrestres, tentam controlar o incêndio na localidade de Juguelhe, que permanece com duas frentes ativas.
Em Vieira do Minho, o incêndio na localidade de Rossas está a ser combatido por 70 operacionais, apoiados por 25 meios terrestres. O fogo permanece com duas frentes ativas.
No distrito de Aveiro, no concelho de Vale de Cambra, 62 operacionais, apoiados por 18 meios terrestres, combatem um fogo com duas frentes ativas na Junqueira.
Fonte: Jornal de Noticias