É a reação dos comandantes de Pedrógão Grande e Castanheira de Pera ao relatório do SIRESP que garante que o sistema esteve sempre a funcionar.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Castanheira de Pera, José Domingues, contrariou hoje a entidade operadora do SIRESP e sublinhou que “É lógico que houve falhas” durante o combate ao incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande e que provocou 64 mortos. Segundo o comandante de Castanheira de Pera, terá havido “sobrecarga” dos canais ou a própria “falha das redes” levou às dificuldades de comunicação.
“Só ao fim de quatro, cinco ou seis insistências é que conseguíamos comunicar com os operacionais ou com o posto de comando”, frisou José Domingues, referindo que o sistema devia estar preparado para a quantidade de comunicações realizadas durante o combate às chamas que afetaram o interior norte do distrito de Leiria.
Também o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, garantiu que “houve falhas” no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP). “Eu já reportei a quem de direito. Passados dois dias, reportei a quem de direito”, afirmou Augusto Arnaut, depois de questionado sobre o funcionamento do SIRESP.
“A informação apresentada permite concluir que não houve interrupção no funcionamento da rede SIRESP, nem houve nenhuma estação base que tenha ficado fora de serviço em consequência do incêndio”, refere o relatório de desempenho do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), publicado hoje no portal do Governo.
No entanto, a ‘fita do tempo’ das comunicações registadas pela Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) revela falhas “quase por completo” nas primeiras horas do incêndio em Pedrógão Grande, “impedindo a ajuda às populações”.
A ‘fita do tempo’ “resulta do Sistema de Apoio à Decisão Operacional (SADO) da ANPC, uma espécie de ‘caixa negra’ que permite registar a sequência ordenada dos principais acontecimentos e decisões operacionais.
Os registos foram disponibilizados ao primeiro-ministro no dia 23, um dia depois de a ANPC ter enviado a António Costa as primeiras explicações sobre as falhas nos incêndios.
“No primeiro documento era já deixado de forma clara que a rede SIRESP tinha falhado durante quatro dias”.
O primeiro registo da ‘fita do tempo’ é das 19:45 de sábado, hora em que começaram os problemas na rede de comunicações.
Segundo esta, foi nestas primeiras horas que existiram vários pedidos de ajuda de pessoas cercadas pelo fogo, a que os comandos operacionais não conseguiram dar resposta imediata, devido às falhas nas comunicações.
TSF