É uma notícia de 2008 elaborada pelo jornal Público, mas podia ser do ano corrente, concordam?!
A falta do conhecimento global do incêndio antes de o começar a combater, a ausência de informações precisas sobre a localização dos meios que estão no terreno e a pouca motivação dos bombeiros para utilizarem ferramentas manuais no combate aos grandes fogos florestais são algumas das falhas detectadas num estudo realizado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) entre 1 de Julho e 30 de Setembro do ano passado.
As suas conclusões fazem parte do relatório da comissão eventual de acompanhamento e avaliação da política nacional de defesa da floresta contra incêndios, que ontem foi aprovado com votos favoráveis do PS na Assembleia da República.
“A falta de formação foi apontado como a principal causa das falhas no combate e na coordenação dos grandes incêndios florestais, apesar de existirem os meios materiais e humanos necessários”, lê-se no relatório. Por isso mesmo, a aposta na formação de competências é uma das 30 recomendações que os deputados deixam ao Governo. “Importa promover a realização de um estudo sobre os perfis dos agentes de protecção civil e socorro e respectivas necessidades formativas, numa perspectiva de um maior envolvimento da Autoridade Nacional de Protecção Civil e das universidades numa futura Escola de Formação de Protecção Civil e Socorro”, aconselham.
O estudo da UTAD, que analisou um conjunto de 36 incêndios, concluiu ainda que há lacunas nas normas operacionais e que deverá haver um maior uso da informação meteorológica à escala local. Foi igualmente apontada a falta de comunicação entre o terreno e o comando nacional de operações de socorro.
Quanto à política de defesa da floresta contra incêndio, os deputados consideram que o Governo vai no caminho “correcto”, mas realçam que as melhorias evidenciadas nos últimos dois anos não podem levar a pensar que o problema está resolvido. E os bons resultados obtidos em 2007, ano em que arderam 31 mil hectares, são atribuídos em parte às condições climatéricas. O relatório foi apenas aprovado pelo PS. O CDS absteve-se enquanto o PSD e o PCP votaram contra. As recomendações foram votadas à parte com os socialistas e os comunistas a votarem favoravelmente.
Um dos aspectos que os deputados criticaram foi a baixa taxa de execução, por parte das autarquias, dos programas apresentados ao Fundo Florestal Permanente (FFP). O ano passado foram executados apenas 13 por cento dos apoios, o que segundo os deputados “deve ser merecedor de uma reflexão conjunta por parte do Governo e da ANMP [Associação Nacional de Municípios Portugueses]”. O fundo, que começou a funcionar em 2004, arrecadou até ao final de 2006 mais de 73 milhões de euros. Se destes, quase 70 milhões foram homologados em múltiplos projectos, apenas 35,7 milhões foram efectivamente gastos.
Os deputados sugerem a constituição de uma unidade especializada no Instituto de Meteorologia para apoiar a prevenção e o combate aos incêndios florestais.