A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), perante as justas queixas de deficiências na alimentação dos bombeiros que se encontravam no combate aos incêndios florestais, de imediato, propôs à Secretaria de Estado da Administração Interna (SEAI) uma reunião no terreno com todos os responsáveis (Bombeiros, Municípios, Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), SEAI e outras entidades) para que se apurassem as falhas, os responsáveis e se corrigissem os erros.
Para a LBP trata-se de, com celeridade, apurar as queixas sobre a qualidade, quantidade e distribuição das refeições aos bombeiros que combatiam os incêndios.
Ao invés, a SEAI optou por ordenar à ANPC a instauração de um inquérito a concluir até 30 de Setembro próximo.
Relativamente a isso, a LBP lamenta que seja a ANPC a conduzir o inquérito já que, sem sombra para dúvida, vai ser juiz em causa própria, dado que lhe cabe coordenar todas as operações, logo, a própria logística.
A LBP lamenta que o comunicado da SEAI endosse aos corpos de bombeiros a responsabilidade relativamente ao apoio logístico na área onde decorre o incêndio sem questionar a estratégia adoptada pelos responsáveis da ANPC presentes nos vários teatros de operações, nomeadamente a coordenação de todas as forças em presença e, inclusive, a sua logística.
A LBP entende ainda que a ANPC não pode, como se diz em gíria, “sacudir a água do capote”, ao tentar distanciar-se do problema e do papel que lhe cabe, inclusive, sendo reconhecido e recorrente que as dificuldades inerentes ao fornecimento de refeições em incêndios de grande dimensão não pode ser exclusivamente assumido pelas associações humanitárias pois os seus constrangimentos locais, a inexistência de infra-estruturas e recursos humanos para tal, bem como o número de operacionais destacados, a solicitação da ANPC, necessitam de grande mobilização, organização e apoio só possível com o envolvimento das autarquias locais e dos vários agentes da protecção civil coordenados precisamente por essa Entidade.
Neste momento, a LBP entende que “há que apurar minuciosamente as responsabilidades até às últimas consequências, repudiando, no entanto, a tentativa de encontrar culpados, ainda antes do início das averiguações”.
A LBP sublinha a urgência da análise do problema e, acima de tudo, a urgência da solução, para que, caso volte a ser necessária a mobilização de tão grande número de bombeiros, tais deficiências já não se voltem a repetir.
Para tal, a LBP entende ser necessário, salvaguardar a eficácia da logística, verificar a qualidade dos produtos utilizados e da confecção, a quantidade e a distribuição da alimentação a todos os operacionais. Neste último âmbito deve ser definido com rigor e eficiência os termos, a forma e os horários da distribuição da alimentação.
A LBP pretende também ser esclarecida sobre os “kits” alimentares anunciados para suprir as necessidades alimentares básicas nos intervalos da distribuição das refeições, mas que ainda não chegaram ao terreno.
A LBP defende que “uma análise realista e ponderada a todas estas e outras questões possa evitar no futuro outras situações, que a ninguém beneficiam, dando uma imagem de ineficácia para o país e afectando seriamente os operacionais, nomeadamente os Bombeiros, que maioritariamente no teatro de operações, não regateiam a sua presença em todo o território nacional, muitas vezes em condições de extrema severidade, e para quem a LBP exige respeito e dignidade”.
LBP