Antes de ser o actor favorito para um papel de gangster, o actor norte-americano foi bombeiro numa corporação de Manhattan. E, em 2001, nos dias que se seguiram à tragédia, regressou ao quartel para ajudar, mas desta história pouco fala.
Foi preciso passar mais de uma década, 15 anos em bom rigor, para que a história se tornasse pública. Nos dias – caóticos – que se seguiram ao 11 de Setembro, o actor Steve Buscemi vestiu a farda de bombeiro e ofereceu a sua ajuda a quem dela precisava, a corporação de bombeiros de Manhattan, no coração de Nova Iorque. Buscemi, conhecido sobretudo pelos papéis que desempenhou em Boardwalk Empire, Os Sopranos, O Grande Lebowski, Fargo ou Con Air: Fortaleza Voadora, era um deles.
Aos 18 anos, o actor fez os testes de aptidão para o Corpo de Bombeiros do estado de Nova Iorque. Passou, e quatro anos depois, em 1980, entrava para uma corporação, na zona de Little Itally, onde trabalhou durante mais de quatro anos, até ter decidido agarrar uma carreira na arte da representação.
Steve Buscemi pertencia à Engine Company n.º 55 e foi para lá que voltou no dia 12 de setembro, no dia a seguir à queda das Torres Gémeas, para vasculhar os escombros no Ground Zero à procura de sobreviventes.
Trabalhou durante uma semana em turnos de 12 horas, descrevem os que com ele trabalharam. O ataque terrorista provocou a morte a 343 bombeiros e a mais de outras três mil pessoas, que, no domingo, foram homenageadas. Mas o actor nunca quis falar sobre o gesto e existem poucos registos fotográficos desta segunda passagem de Buscemi pela corpo-ração de bombeiros. “Foi extremamente útil para mim, porque enquanto trabalhava não pensava e não sentia tanto”, referiu apenas em 2013, quando a história foi tornada pública.
O gesto de Buscemi no dia a seguir à queda das Torres Gémeas foi conhecido através de um post na página oficial da corporação no Facebook. “Uma vez irmão, sempre irmão”, rematava o autor, também ele membro da Engine Company n.º 55.
Reservado, Buscemi, atualmente com 59 anos, tão-pouco quis falar da terceira passagem pelo quartel, em 2012, quando Nova Iorque foi sacudida pelo furacão Sandy. Mas, para lá dos momentos em que veste a farda e volta a ser o irmão (tratamento usado pelos elementos da corporação), é um ativista dos direitos dos bombeiros.
Em 2003, defendeu aumentos salariais para esta classe e chegou a ser preso juntamente com outros profissionais durante os protestos. Pertence à associação Friends of Firefighters, cuja missão é angariar fundos para os bombeiros. Em 2014 apresentou e produziu para o canal HBO o documentário A Good Job: Stories of FDNY, mostrando imagens inéditas do que é trabalhar como bombeiro na cidade onde nasceu (na zona de Long Island) e onde vive (em Brooklyn), ao lado de antigos colegas da Engine Company n.º 55.
(Fonte: DN)