
Alexandre Carvalho
A 21 de maio de 1999 é criado o programa de sapador florestal do ICNF, “como instrumento da política florestal, com vista a contribuir para a diminuição do risco de incêndio e a valorização do património florestal, através da criação de equipas especializadas, reforçando as estruturas de prevenção e de combate já existentes, numa ação conjugada de esforços das diferentes entidades empenhadas na defesa da floresta contra os incêndios”, segundo fonte do ICNF.
Passados 22 anos, assistimos a vários processos de transformação dentro do setor, houve claramente uma aposta na mecanização com a reforma das viaturas e novos equipamentos, novos tratores e máquinas de rasto que apoiam o trabalho diário dos sapadores florestais.
É verdade que houve uma grande aposta em maquinaria, porém podemos questionar, quem é que opera estas máquinas, quem faz a sua manutenção, quem é que se desloca por terrenos e taludes inacessíveis onde a maquinaria não chega.
O mesmo trabalhador/a que em 22 anos de programa, luta pela concretização da Carreira e do Estatuto Profissional, que reconheça a Profissão de Sapador Florestal e se acabe com o Assistente Operacional e o Trabalhador Florestal ou outra coisa qualquer.
Neste setor podemos encontrar de tudo, desengane-se quem acha que é só nas associações e baldios que reside o problema, também no setor público nos municípios, freguesias e comunidades intermunicipais, existem atualmente vários atropelos à lei que mancham a credibilidade de várias organizações e dos seus representantes eleitos democraticamente.
E num sistema democrático, que bem que fica a censura, a repressão, o assédio e as tentativas de coação, que é aplicado aos trabalhadores/as, o verdadeiro exemplo como devem ser geridas as nossas instituições públicas.
Lutar e Resistir é o que estes trabalhadores fazem há 22 anos, lutam apenas por um direito básico de ver a sua profissão reconhecida, regulamentada e os seus salários ajustados à realidade e aos perigos inerentes a que todo os dias estão expostos.
Neste mês trocamos as comemorações de apenas um dia pelo mês e o ano inteiro, porque vestimos a farda todo o ano, pegando numa frase da autoria do Alvila Paula “Para os Sapadores Florestais o DECIR 2021 não iniciou hoje (15 de maio), todos os anos se inicia as 00:01 do 01 de janeiro e termina em 00:00 do 31 de dezembro…”
Somos a única força de homens e mulheres que todos os dias executamos trabalho na prevenção e em ações de gestão de combustíveis, para que tornem a nossa floresta mais resiliente ao fogo, para além de todas as atividades inerentes a que estamos sujeitos como Agentes de Proteção Civil.
Ao comemorarmos este dia, levamos a nossa luta a todos os trabalhadores/as, ouvimos as suas dúvidas, as suas queixas e recolhemos as propostas feitas em plenários locais e nacionais com os trabalhadores. Continuamos a exigir às entidades patronais o cumprimento da lei laboral, e assim, resolver pequenos e grandes problemas nunca deixando os trabalhadores/as sozinhos e abandonados à sua sorte.
Comemoramos o dia Nacional do Sapador Florestal com formação profissional que dote de mais e melhores conhecimentos e ferramentas o trabalho diário, que abra novas portas à evolução pessoal.
Com um Plenário Nacional no dia 22 de maio, sobe o lema “Dignificar e Valorizar o Trabalho e os Trabalhadores”, tendo como objetivo ouvir os trabalhadores/as, recolher propostas e contributos para a Carreira/Estatuto Profissional.
Com treino operacional dia 24 de maio para as equipas/brigadas de sapadores florestais, em cooperação com os Bombeiros de Vila Nova de Paiva e com o apoio do Município de Vila Nova de Paiva, que tem como objetivo a prática simulada de 1º COS e primeira intervenção, que ajudem a preparar melhor a época que se avizinha.
Com iniciativas na Assembleia da República que levem até ao Primeiro-Ministro, ao Ministério do Ambiente e Ação Climática, ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e a todos os grupos e partidos políticos com assento parlamentar, questões e problemas que se passam no setor e afetam diariamente os trabalhadores/as.
Com ações de sensibilização junto da sociedade civil, para que todos possam ver quem são, o que fazem e porque lutam os Sapadores Florestais em Portugal.
Lutar e Resistir é o nosso lema e o nosso compromisso com todos os trabalhadores/as que fazem hoje parte do programa de Sapadores Florestais em Portugal. Não desistimos nem nos resignamos por mais difícil que seja o caminho, sabemos que a verdade e a justiça estão do nosso lado.
Para todos os Sapadores Florestais de Portugal, vocês são a maior força que Portugal têm e com quem pode contar durante todo o ano.
Unidos pela luta e com confiança no futuro!
“Não me digas que não me compreendes
Quando os dias se tornam azedos
Não me digas que nunca sentiste
Uma força a crescer-te nos dedos
E uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compreendes”
Sérgio Godinho – Que força é essa
Alexandre Carvalho