Pelo menos 50 desalojados pelo mau tempo no concelho de Paredes

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Foto de Nélson Garrido

Foto de Nélson Garrido

Pelo menos 50 pessoas desalojadas,umas 60 casas afectadas,duas fábricas e mais de 20 carros atingidos, postes de electricidade caídos. É esse o balanço dos bombeiros sobre o mau tempo que afectou, na madrugada deste sábado, o concelho de Paredes, no distrito do Porto.

Os ventos fortes arrancaram árvores, lápides, telhas. Nalguns lugares o fornecimento de electricidade foi interrompido, disse o comandante dos bombeiros de Lordelo, Pedro Alves. “Penso que passou por aqui uma espécie de tornado.” A vereadora Hermínia Moreira também fala num “mini-tornado, que deixou um rasto de destruição nas freguesias de Duas Igrejas, Vilela, Sabrosa e Lordelo.”

O repórter fotográfico do PÚBLICO confirmou, em Duas Igrejas, a gravidade dos estragos: a igreja perdeu parte do telhado, no cemitério foram movidas lápides, há carros com vidros partidos, árvores caídas, telhados espalhadas pelo chão e apartamentos com janelas desprotegidas.

À hora do almoço, Pedro Alves dizia já que a situação estava “a ser normalizada”. As 60 pessoas desalojadas estavam a ser acompanhadas pelos serviços municipais. Algumas não podiam pensar em regressar a casa. “Quatro ou cinco habitações ficaram completamente destruídas”, explicou o comandante. E “não será fácil” recuperar muitas outras: perderam telhas, caixilharia, vidros.

A maior parte das pessoas foi já acolhida por familiares.  Por volta das 14h, a vereadora com o pelouro da protecção civil garantia existir apenas “duas ou três situações” em avaliação. Não tinham retaguarda. “A câmara dispõe de alguns espaços que as podem acolher”, esclareceu. “Não é tão confortável como ficar com familiares, mas é uma opção. Algumas pessoas são idosas e até podem ficar nalgum lar.”

Os  prejuízos  ainda estão a ser avaliados. A autarquia já decidiu pedir ao Governo que declare situação de calamidade, de modo a ser accionado um fundo de emergência, adiantou Hermínia Moreira.

Em Lisboa, na Ponte 25 de Abril, a faixa esquerda foi cortada durante a manhã de sábado nos dois sentidos, devido ao mau tempo e “vento muito forte”, que obrigou motos e camiões a circular apenas em grupo, segundo fonte policial. Foi desaconselhada a circulação de pesados revestidos com lonas. Na outra travessia rodoviário do Tejo, a Ponte Vasco da Gama, foi recomendado que a velocidade máxima de circulação não ultrapassasse os 90 km/hora.

“As motas e os camiões estão a ser agrupados e não podem circular isoladamente para haver menos riscos. Isto porque se um camião ou uma mota atravessar a ponte sozinho há mais risco de poderem entre aspas voar”, explicou à Lusa fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa.

Na cidade de Lisboa, o mau tempo provocou durante a manhã  22 inundações e a queda de pequenas estruturas, “sem gravidade”. Caíram também revestimentos, cabos eléctricos e algumas árvores.

No distrito de Portalegre a chuva e vento fortes provocaram 11 quedas de árvores em vários concelhos e uma pequena inundação numa via e o deslizamento de um muro, informaram os bombeiros. “Todas estas situações ocorreram entre as 9h e as 10h”, altura em que “choveu muito e havia vento forte”, revelou à  Lusa o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Portalegre.Segundo a mesma fonte, a situação meteorológica,”já melhorou”, não tendo estas ocorrências, que estão a ser resolvidas pelos bombeiros, provocado danos materiais ou pessoais.

No distrito de Aveiro, onde, na sexta-feira, ocorreram inundações em Águeda e foi destruída uma ponte em Vilarinho, Cacia, não houve agravamento da situação durante a madrugada de sábado. “Mantém-se tudo igual”, disse ao PÚBLICO o Comando Distrital das Operações de Socorro.

Na sexta-feira, ocorreram derrocadas em Coimbra e a cidade de Águeda voltou a ter as ruas da baixa alagadas, com alguns moradores a ficarem retidos nas suas casas. A Protecção Civil, com a colaboração das Estradas de Portugal, removeu detritos que se acumulavam na Ponte do Vouga e dificultavam o escoamento das águas e aumentando o risco de inundação.

A força das águas e a acumulação de detritos destruíram, na madrugada de sexta-feira, a ponte de Vilarinho, em Cacia, que foi “levada pela enxurrada”, segundo o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves. O autarca explicou, segundo a Lusa, que os serviços foram alertados para a situação na quinta-feira e que, quando chegaram ao local para intervir, na sexta, “a ponte já não estava lá”.

“A enxurrada durante a noite levou a ponte. Tinha cerca de 80 metros e estão lá cerca de dez para contar a história, apenas um pedaço agarrado à margem sul. A água levou tudo”, disse. De acordo com o presidente da câmara, a equipa municipal que foi ao local não foi a tempo de salvaguardar a ponte de acesso aos campos agrícolas.

A ponte de Vilarinho foi construída há cerca de 20 anos para facilitar o acesso de agricultores a campos na outra margem do rio Novo do Príncipe, um canal artificial aberto no século XIX para encurtar a distância do rio Vouga em direcção ao mar.

Na sexta-feira ocorreram também derrocadas em Gaia e Braga.

Caudal do Douro baixou

O caudal do rio Douro desceu cerca de um metro abaixo do cais da Régua durante a madrugada de sábado, mas a Protecção Civil mantém-se alerta devido à chuva que tem caído e poderá provocar um novo aumento do nível das águas. “Estamos neste momento com um cenário de cheia muito menos preocupante, se bem que, como choveu muito durante a noite estamos em alerta amarelo hidrológico”, afirmou à Lusa Manuel Saraiva, responsável pela Proteção Civil Municipal de Peso da Régua.

A situação “será monitorizada e avaliada nas próximas 24 horas”, até para ver se as albufeiras das barragens terão capacidade de encaixe do caudal do Douro, disse o responsável. Durante a manhã de sexta-feira o caudal do Douro galgou o cais fluvial da Régua, obrigando à retirada de bens dos dois estabelecimentos comerciais ali instalados, uma loja de artesanato e um bar.

Os meteorologistas prevêem mau tempo para este sábado, com chuva, vento forte e neve, e há 11 distritos sob aviso laranja devido à agitação marítima, o segundo mais grave de uma escala de quatro. A previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) aponta para ventos até 100 km/h, chuva intensa e neve nas terras altas.

A Marinha alertou para o agravamento do estado do mar na costa durante o fim-de-semana, prevendo-se, na costa Norte, ondas de cinco a sete metros.

Em Vila Real e Viseu é esperada queda de neve acima dos 800 metros, o mesmo acontecendo nos distritos da Guarda e de Bragança, também sob aviso amarelo, entre as 00h e as 13h.

 

(Fonte: Público)

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About author

Daniel Rocha

Nasceu na Guarda. Para além da vida de professor, dedica-se a muitas outras actividades. A sua ligação e gosto pelo mundo da imprensa levaram-no a ser colaborador da Rádio Altitude (Guarda) e do jornal Notícias de Gouveia (Gouveia).