A Câmara de Gaia tem de pagar cerca 300 mil euros anuais pelo terreno na EN222 onde está instalado o quartel da centenária Companhia de Sapadores Bombeiros, integrado pelo anterior executivo num fundo imobiliário a 25 anos.
“A Câmara está agora a pagar cerca de 25 mil euros por mês pelo quartel dos Sapadores”, denunciou este sábado o autarca Eduardo Vítor Rodrigues citado pela Agência Lusa, que domingo preside à cerimónia de Comemoração dos 175 anos da Companhia dos Bombeiros Sapadores de Vila Nova de Gaia.
O quartel, construído na Estrada Nacional 222, pertencia à Câmara Municipal que, entretanto, “constituiu um fundo imobiliário no qual integrou, há cerca de seis/sete anos, aquele terreno, entre outros”, como o do Parque de Campismo da Madalena e as Oficinas Municipais.
“O que a câmara fez (com a integração quartel no fundo) foi uma venda de um terreno para receber o dinheiro de imediato”, explicou o presidente da autarquia, segundo o qual o fundo a 25 anos “vale 20 milhões de euros”, mas a câmara “ainda deve 18 milhões”.
Esta é uma situação que “pesa” à autarquia, já que “perde património e ganha uma dívida duradoura”, acrescentou.
Vítor Rodrigues destacou ainda que “há 14 anos que não é adquirida uma ambulância de combate a incêndios” e que os Sapadores Bombeiros “não têm uma nova recruta há cerca de 15 anos”, pelo que se assiste a um “processo de envelhecimento que leva a dificuldades acrescidas”.
Uma nova recruta, explicou, custa cerca de 250 mil euros, sendo decidida pela câmara, que depois tem de pagar os salários aos novos bombeiros, uma vez que “passam a ser funcionários da autarquia”.
Lembrou ainda que, aquando da sua tomada de posse, no ano passado, 12 das ambulâncias dos bombeiros estavam paradas, tendo começado a ser reparadas desde então e “neste momento só cinco é que ainda estão inoperacionais”.
Para o processo, segundo o autarca, em muito poderia contribuir a Taxa Municipal de Proteção Civil (TMPC), destinada a ajudar também os bombeiros, mas “ainda estão em tribunal” os processos das empresas EDP, Brisa, Ascendi e Refer, que se recusaram a proceder ao seu pagamento, equivalente a um milhão de euros.
Vítor Rodrigues frisou, por fim, que “o trabalho que os bombeiros têm feito é inexcedível, tendo tido situações graves — como a do incêndio dos armazéns da empresa Conforama — onde tiveram um papel extraordinário, o que mostra que os meios não são tudo”.
A Cerimónia de Comemoração dos 175 anos da Companhia de Bombeiros Sapadores de Vila Nova de Gaia está marcada para domingo, 4 de maio, para as 10 horas, no quartel.
Fonte: JN