Floresta portuguesa vai ter “protectores”

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florestaJuntam-se esforços para combater abandono da floresta e atrair mais alunos à área.

A Universidade de Vila Real, antigos alunos e organizações não-governamentais vão unir esforços para combater o abandono da floresta, dinamizar a investigação no sector e atrair mais alunos para os cursos da área florestal.

O protocolo com os bombeiros, escuteiros, federações florestais e organizações ambientalistas vai ser assinado na terça-feira, no decorrer do fórum “A Floresta e a sua preservação: uma prioridade nacional”, que se realiza no Porto.

Rui Cortes, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), disse à agência Lusa que os cursos de engenharia florestal praticamente não têm tido candidatos nos últimos anos, em todo o país.

E, ao mesmo tempo, segundo o investigador, existe também um “sentimento generalizado de que as florestas estão ao abandono”, que existe “um desleixo” no sector, enquanto se investe no combate aos incêndios e não no ordenamento do território.

Para contrariar estas tendências, a academia transmontana, um grupo de antigos alunos e de entidades não-governamentais vão unir esforços para colocar a floresta como “prioridade nacional”.

Através do protocolo, será distribuído um conjunto de bolsas a alunos, que ficam isentos de propinas, e que poderão ser designados pelas entidades subscritoras.

Na UTAD arranca este ano lectivo o curso de ciências florestais, que vem substituir a licenciatura de engenharia florestal, que registava problema de acesso já que exigia específicas em matemática e física.

“Procuramos ultrapassar esta dificuldade e a única possibilidade, não tendo previamente a autorização para alteração das específicas de acesso a engenharia florestal, foi esta”, explicou Rui Cortes.

O professor referiu que se aproveitou também para fazer uma remodelação do programa curricular.

A universidade conseguiu o compromisso da Ordem dos Engenheiros de que um estudante que faça o 1.º ciclo em ciências florestais e depois o 2.º ciclo em engenharia florestal, possa ser acreditado pela Ordem.

Rui Cortes disse que, nos últimos anos, praticamente não se têm registado candidaturas aos cursos de engenharias florestais, os quais, em contrapartida, têm sido muito procurados por estudantes Erasmus, nomeadamente espanhóis.

“E, ao mesmo tempo, temos sido procurados por associações ou outras organizações ligadas ao sector que nos pedem técnicos e nós não os temos para indicar”, salientou o docente.

O investigador salientou que o protocolo visa ainda dinamizar a investigação na área, dirigida às necessidades e prioridades das florestas.

A floresta ocupa mais de três milhões de hectares, 38% do território nacional continental, dando origem a cerca de 4.500 unidades florestais, cujo emprego directo envolve dezenas de milhares de trabalhadores, contribuindo com 3,2 % para o Produto Interno Bruto (PIB), 12% do PIB industrial e correspondendo a cerca de 11% das exportações totais portuguesas.

Portugal é o país da Europa onde a floresta tem maior peso no PIB.

Alavanca ainda actividades como o turismo, a caça e pecuária, mas o sector está, segundo Rui Cortes, “em acentuado risco de declínio”, devido aos incêndios devastadores o que, na sua opinião, impõe um “adequado ordenamento florestal, acções preventivas e uma racionalização dos meios de combate”.

(Fonte: Público)

 

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Daniel Rocha

Nasceu na Guarda. Para além da vida de professor, dedica-se a muitas outras actividades. A sua ligação e gosto pelo mundo da imprensa levaram-no a ser colaborador da Rádio Altitude (Guarda) e do jornal Notícias de Gouveia (Gouveia).