Comandante de socorro defende sucesso no salvamento do Costa Concordia

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Costa ConcordiaO comandante do Porto de Livorno, Gergório Falco, que coordenou os salvamentos no naufrágio do paquete Costa Concórdia há dois anos, afirmou hoje que a operação teve “o maior sucesso possível” dada a catástrofe do acontecimento.

“Passados estes anos, numa operação daquela dimensão, permite-me agora ver que efectivamente agimos bem e da melhor forma possível. Tivemos o maior sucesso possível em minorar a catástrofe que seria”, disse Gregório de Falco que hoje foi orador num seminário organizado pelos Bombeiros de Carcavelos, em Cascais, sobre “Intervenção em Catástrofes – Naufrágios de Grande Dimensão”.

O comandante no socorro do Costa Concórdia, que naufragou em Janeiro de 2012 ao largo da Toscana, em Itália, referiu que o “esforço unitário” foi determinante, no resgate dos passageiros e tripulação – principal prioridade – e para evitar a poluição e protecção de meios.

Gregório de Falco acusou a tripulação do cruzeiro de “ligeireza, culpa e negligência”, também já assumidas pelos responsáveis, estando ainda a decorrer o processo de julgamento.

“Como o comandante [Francesco Schettino] abandonou, tivemos de assumir o comando do navio, porque, apesar de já não haver pessoas à vista, poderiam estar outras enclausuradas e de facto viemos ainda a resgatar 18 pessoas”, contou.

Incoerências na lista de passageiros e falta de preparação dos passageiros foram outros dos factores que atrasaram as operações de socorro.

“O que importa realmente é a simulação de operações, os treinos, exercícios regulares para estarmos preparados. Isso é fundamental”, alertou Gregório de Falco.

O comandante italiano disse ainda que cerca de 400 passageiros não tinham qualquer preparação ou conhecimento sobre o mar, sobre o socorro para evitar o pânico, e isso “trouxe dificuldades acrescidas”.

A bordo do Costa Concórdia estavam mais de 4.200 pessoas, 39 pessoas morreram e duas são ainda dadas como desaparecidas.

Sobre as vítimas mortais, Gregório de Falco contou que grande parte dos corpos foram encontrados enclausurados num elevador e num poço do quarto andar.

“Mostra que não houve uma vistoria da tripulação. Eles tinham de ter feito isso”, acrescentou.

Questionado sobre as técnicas atrasadas, pouco diferentes das que havia há mais de 100 anos, aquando do naufrágio do Titanic, o comandante Gregório de Falco reconheceu que os trabalhos foram também dificultados por isso.

“Houve três balsas com capacidade para 150 pessoas cada não puderam ser utilizadas porque o navio já estava com uma inclinação superior a 20 graus. Foi um grande problema”, concluiu.

Na noite de 13 de Janeiro de 2013 o navio de cruzeiros Costa Concordia navegava junto da costa da ilha de Giglio quando embateu nas rochas, acabando por naufragar e causar 39 mortos e dois desaparecidos.

Entre passageiros e tripulantes, oriundos de 70 países, encontravam-se a bordo 4.229 pessoas.

O capitão Schettino é acusado de navegar demasiado depressa e demasiado perto da ilha de Giglio, ao largo da Toscânia, numa manobra arriscada para impressionar os passageiros com “uma saudação” aos residentes na ilha.

O navio foi endireitado em Setembro de 2013, vinte meses depois do acidente e deverá ser retirado do local em Julho.

Schettino, que recebeu na imprensa tabloide a alcunha de “capitão cobarde” por ter aparentemente abandonado o navio e fugido para terra quando ainda havia passageiros por salvar, pode ser condenado a 20 anos de prisão.

FONTE: Lusa/SOL

 

 

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Sérgio Cipriano

Natural de Gouveia e licenciado em Comunicação Multimédia pelo Instituto Politécnico da Guarda. Ingressou nos bombeiros com apenas 13 anos de idade e hoje ocupa o cargo de sub-chefe. É um dos fundadores da Associação Amigos BombeirosDistritoGuarda.com e diretor de informação do portal www.bombeiros.pt, orgão reconhecido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social.