Guilherme Leite – Ator e Autor

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2013-06-20173601_961f1e4c-aef8-4f3d-8935-154a61e36164$$2066B98B-1131-4DFF-8A54-59CDCD6190D9$$25C81A5F-19F0-440F-B2F6-DB1F9795DFB1$$img_detalhe$$pt$$1Guilherme Leite é um ator e autor português que se vem destacando no mundo das artes como humorista. É bem conhecido do programa “Malucos do Riso”, onde interpretou dezenas de personagens que serviam para criticar de forma irónica a própria sociedade portuguesa. Neste momento, assume a direção do programa Saloia.tv, uma televisão online que pretende ser empreendedora. Homem de causas, e sem qualquer problema em assumir o choque provocado pelas suas posições, esteve à conversa com o Portal Bombeiros.pt, assumindo que é preciso, nos dias de hoje, deixar de lado “as falinhas mansas” e não acreditar em “politiquices de meia tigela”. Nesta entrevista, Guilherme Leite presta uma sincera e sentida homenagem aos bombeiros portugueses.

Alguma vez teve o fascínio, tão comum nas crianças e nos jovens, em ser bombeiro?

Guilherme Leite (GL) – Em criança queria ser Palhaço. Depois fui informático. Mas aos 30 anos deu-me uma vontade louca e acabei mesmo por ser palhaço. Acho que consegui.

Enquanto ator teve que interpretar e construir diversas personagens. Alguma vez teve que fazer o papel de bombeiro?

GL – Fiz várias vezes de Bombeiro e com textos escritos por mim. Uma vez fiz uma figura a que chamei “Agulhetas”. Nos Bastidores estava o homem dos bombeiros a nível nacional, mas eu não sabia. No final da rábula veio dar-me os parabéns e disse uma coisa que muita gente deveria ouvir: “É a brincar e com sentido de humor que as mensagens mais importantes passam com mais eficácia!”

Segue, com toda a certeza, o trabalho das corporações de bombeiros durante o Verão. Quais pensa que são as caraterísticas que estes homens e mulheres devem possuir para enfrentarem as dificuldades que os incêndios apresentam? 

GL – Na minha opinião resumem-se em palavras com grande significado. Missão. Solidariedade. Cidadania. Entrega. Valor. Honra.

Pensa que tem havido por parte da sociedade portuguesa algum tipo de preocupação com o flagelo dos incêndios ou só nos lembramos do problema quando o temos a queimar o nosso quintal? 

GL – De Norte a Sul e de Belém a S. Bento só nos lembramos dos Bombeiros quando temos a casa a arder. Eu sou sócio de duas Associações de Bombeiros, mas também confesso que pouco mais faço do que pagar as quotas. Mea culpa.

Temos a lamentar muitos bombeiros mortos e feridos nos incêndios deste Verão. Sendo um homem que tem uma ligação especial ao concelho de Cascais, como recebeu a notícia da morte da Ana Rita e do Bernardo? 

GL – Com tristeza. Mas também com revolta… Principalmente contra os que choram lágrimas de crocodilo.

Nestas alturas de frio esquecemos um pouco os bombeiros, pois os noticiários deixam de ter interesse em serviços que são menos mediáticos. Sabendo eu que é um homem que não tem problemas em assumir as coisas como elas são na realidade, sem hipocrisias, pensa que a grande preocupação que muitas figuras da televisão e do mundo do espectáculo tiveram com os bombeiros em pleno Verão era uma preocupação real ou mera promoção pessoal? 

GL – Oh homem… era tudo hipocrisia! Nunca acredite em nada disso. Fizeram apenas porque daria audiência. Aliás, quando no início da entrevista me referi à revolta e às lágrimas de crocodilo, era exactamente nisso que estava a pensar.

É um homem sensível às causas sociais e aos debates humanistas que o nosso país vai originando. Assim sendo, qual é a mensagem que quer deixar aos bombeiros portugueses? 

GL – Isto já não vai lá com falinhas mansas e com politiquices de meia tigela. Não confiem na grande maioria destes políticos, não confiem nesta assembleia da república, não confiem neste governo e principalmente nunca, mas mesmo nunca confiem nem acreditem neste Presidente da República.

Entrevista conduzida por Daniel Rocha

About author

Daniel Rocha

Nasceu na Guarda. Para além da vida de professor, dedica-se a muitas outras actividades. A sua ligação e gosto pelo mundo da imprensa levaram-no a ser colaborador da Rádio Altitude (Guarda) e do jornal Notícias de Gouveia (Gouveia).